Este livro iniciou uma nova fase em minha vida literária. A primeira leitura de uma obra do mestre Stephen King mexe com a gente, e ao contrário do que vocês possam estar pensando agora, não foi o teor sobrenatural ou o medo que me surpreenderam, mas a qualidade da narrativa e a intensidade psicológica e emocional dos personagens envolvidos. Em Joyland, apesar de contar com menos páginas que a maioria dos livros de King, o autor mostrou sua versatilidade, seu talento para escrever mistérios sem terror, conheçam Joyland.Sinopse: "Carolina do Norte, 1973. O universitário Devin Jones começa um trabalho temporário no parque Joyland, esperando esquecer a namorada que partiu seu coração. Mas é outra garota que acaba mudando seu mundo para sempre: a vítima de um serial killer. Linda Grey foi morta no parque há anos, e diz a lenda que seu espírito ainda assombra o trem fantasma. Não demora para que Devin embarque em sua própria investigação, tentando juntar as pontas soltas do caso. O assassino ainda está à solta, mas o espírito de Linda precisa ser libertado - e para isso Dev conta com a ajuda de Mike, um menino com um dom especial e uma doença séria. O destino de uma criança e a realidade sombria da vida vêm à tona neste eletrizante mistério sobre amar e perder, sobre crescer e envelhecer - e sobre aqueles que sequer tiveram a chance de passar por essas experiências porque a morte lhes chegou cedo demais.
"As pessoas pensam que o primeiro amor é fofo e que fica ainda mais fofo depois que passa. Você já deve ter ouvido mil músicas pop e country que comprovam isso; sempre tem algum coração partido. No entanto, essa primeira mágoa é sempre a mais dolorosa, a que demora mais pra cicatrizar e a que deixa a cicatriz mais visível. O que há de fofo nisso?"
Joyland é um parque Indie, antigo, porém não temático, o que permitia que tivessem uma diversidade de brinquedos e espaço para shows (na maioria das vezes country ou roqueiros de sucesso nas décadas de 50 e 60).
O encontro de Devin e a vidente do quiosque de adivinhações, ou Madame Fortuna, como a chamam no parque, lhe revela que naquele verão sua vida irá mudar após conhecer duas crianças, uma menina de chapéu vermelho e um garoto com um cachorro, sendo que um deles teria um sexto sentido. Sem acreditar, Devin segue sua vida e seu trabalho normalmente.
Durante uma conversa sobre o funcionamento do parque Devin descobre que uma das “Garotas de Hollywood” tirou uma foto bastante nítida de Linda Gray e seu namorado. Linda foi assassinada na Horror House, porém a polícia não conseguiu identificar o garoto, uma vez que o mesmo estava sempre de óculos escuros nas fotos. Diziam que a partir daí a garota começou a assombrar o brinquedo, mas apenas de madrugada, para os funcionários que faziam o turno da noite.
Na maior parte do tempo, Devin fazia o trabalho que nenhum outro funcionário desejava, ele se vestia como o mascote do parque, Howie, o “Cão Feliz” e adorava o trabalho de animar os visitantes, mas o que ele mais queria mesmo era ver o fantasma de Linda Gray, afinal, seria uma excelente história para impressionar Wendy, sua ex.
Devin permanece trabalhando no parque, até que um dia, fantasiado de Howie, ele salva a vida de uma garotinha que usava um chapéu vermelho. O salvamento sai nos jornais e aumenta a visitação do parque. Desafiado por seus amigos, Dave, Tom e Erin passeiam pela Horror House e Tom vê Linda, toda vestida de azul e com os braços estendidos, como se estivesse pedindo ajuda.
Vê-la se torna a obsessão de Devin e nem mesmo quando alguns amigos deixam o parque no final do verão, ele larga o trabalho. Empenhado em resolver o assassinato de Linda, até que em uma manhã na praia ele conhece Mike, sua mãe Annie e Milo, o cachorro. Mike sofre de uma doença degenerativa muscular e por isso anda de cadeira de rodas. O garoto possui um sexto sentido, ele tem visões e sabe que sua vida não será longa.
Annie sofre muito com o ex marido fanático religioso então não é muito acessível, mas a persistência de Devin acaba por esmorecê-la e ele e o garoto estreitam laços. E será um dia no parque, especificamente na Horror House que as coisas irão mudar para sempre.
A história de Joyland está longe de ser horripilante ou assustadora, mas o mistério da morte de Linda Gray, o dom de Mike e o psicológico de Devin são extremamente bem trabalhados durante a narrativa. Stephen King consegue aproximar o leitor do personagem a ponto de nos identificarmos com muitos de seus pensamentos (pelo menos aqueles que já sofreram por amor).
King retrata aqui o mal que habita na mente do ser humano. Tal fato deveria, por si só, assustar muito mais que qualquer fantasma. O excesso de detalhes aqui não entedia o leitor, conhecer a rotina de Devin e do parque apenas servem como condução da realidade para dentro do livro. Outro fato que precisa ser dito é que o livro não tem capítulos, apenas subdivisões que dão uma pausa, contudo, ao contrário do que vocês possam pensar, isso não torna a leitura cansativa, é a magia de King.
Eu me senti comendo pipoca, esperando na fila da roda gigante enquanto uma “Garota de Hollywood” tirava uma foto e Howie dançava Pop Pop. Foi a primeira e incrível experiência com o mestre. Achei que o mistério fosse mais impactante, pela fama do autor, mas não cheguei a me sentir frustrada, acredito que seja um excelente livro para quem quer começar a ler os livros de Stephen. Mais profundo e misterioso (não somente em relação ao assassinato) que é assustador e tenso.
Eu adorei me jogar em mais essa história do autor. Não tem aquela novidade e aquela empolgação que senti lendo outros livros dele, mas ainda assim foi uma excelente experiência. King sabe como entreter o leitor e não deixar suas histórias caírem no clichê. Acho que é por isso que sou uma grande fã de sua escrita.
Joyland está longe de ser a melhor obra de King, mas entrou para os meus favoritos e super recomendo essa leitura a todos. Dispam-se de seus medos e se joguem. E lembrem-se: não se aventurem na roda-gigante em uma noite chuvosa!
Joyland - Stephen King
Editora Suma de letras
Editora Suma de letras











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