Resenha - A Hora do Lobisomem

Sinopse: "O primeiro grito veio de um trabalhador da ferrovia isolado pela neve, enquanto as presas do monstro dilaceravam sua garganta. No mês seguinte, um grito de êxtase e agonia vem de uma mulher atacada no próprio quarto. Agora, a cada vez que a lua cheia brilha sobre a cidade de Tarker’s Mill, surgem novas cenas de terror inimaginável. Quem será o próximo? Quando a lua cresce no céu, um terror paralisante toma os moradores da cidade. Uivos quase humanos ecoam no vento. E por todo lado as pegadas de um monstro cuja fome nunca é saciada. Um clássico de Stephen King, com as ilustrações originais de Bernie Wrightson"
A Hora do Lobisomem é um livro de Stephen King diferente de todos os que já li. O escritor, famoso por suas obras do gênero terror e por escrever grandes narrativas com personagens e ambientação desenvolvidos detalhadamente, traz em A Hora do Lobisomem uma história de apenas 152 páginas.

Para o leitor acostumado a ler King, acredito que este seja o primeiro estranhamento ao entrar em contato com o texto. O segundo é perceber que a estrutura da narrativa não permite o aprofundamento dos personagens.

No entanto, o livro é sensacional! A Hora do Lobisomem é a união de dois elementos que considero fundamentais para prender o leitor: traz um ser mitológico bastante presente nas histórias de terror, o lobisomem, aliado à escrita de alguém que sabe conduzir o gênero independentemente do número de páginas as quais ele se propõe escrever.

King abandona aquela descrição minuciosa usada em muitas de suas obras e utiliza um tipo de “narrativa-calendário”, ou seja, a história é estruturada em 12 capítulos, como se fosse 12 contos. Esses contos referem-se, cada um deles, a um mês do ano e representam o ciclo de ataques do lobisomem.

“Lá fora, as pegadas da criatura são cobertas pela neve, e o uivo parece selvagem de prazer. Não tem nada de Divino ou de Luz naquele som insensível; só há o inverno sombrio e o gelo escuro. O ciclo do lobisomem começou.”

A Hora do Lobisomem começa com o ataque de um trabalhador da ferrovia da cidadezinha de Tarker’s Mill, no Maine. Era noite de lua cheia, mês de janeiro, e o inverno estava apenas iniciando e Arnie Westrum acabara de escutar um barulho estranho, parecido com arranhões na porta. A escuridão da noite, o frio, os sons... tudo faz o homem sentir o medo tomando conta dele. Surge, então, a primeira vítima do lobisomem.

As mortes começam a ocorrer a cada ciclo lunar, mas alguns moradores de Tarker’s Mill não acreditam nas histórias que surgem sobre os ataques. E há aqueles que não só acreditam, mas também dizem ouvir os uivos nas noites de lua cheia. O medo de ser a próxima vítima da criatura é crescente. Existe apenas um sobrevivente, um garoto de 10 anos em uma cadeira de rodas. Porém, ele diz a verdade? Existe lobisomem?

O interessante deste livro é, justamente, o enredo simples. Sabemos já de início que teremos ataques de lobisomem e pessoas morrendo na história. Não poderíamos dizer que isso é spoiler. A questão é o clima sombrio de cada um dos ataques mensais do lobisomem, a escolha (ou não) das vítimas e a descrição violenta dos acontecimentos. O pânico geral da cidade é muito bem retratado na história, é muito verossímil. Creio que o leitor tende a se colocar no lugar dos moradores de Tarker’s Mill e a se apavorar com eles.

Outro aspecto que me chamou muito a atenção no livro é o fato de não haver uma necessidade de explicar a origem da Besta – o lobisomem, como chamado no texto – mas sim, de destacar as investidas do monstro e a possível descoberta de sua identidade. Gostei muito de não ter essa preocupação do autor em explicar de onde surgiu a criatura visto que é um personagem mitológico bastante conhecido tanto na literatura quanto no cinema do gênero terror.

A edição da Suma de Letras é linda. Ela faz parte da série Biblioteca Stephen King e vale muito a pena adquirir o exemplar. Eu tive duas experiências com esta obra. Li em formato digital e li esta edição de capa dura. Não preciso dizer que a segunda experiência foi a melhor, não é? O livro possui ilustrações de Bernie Wrightson, que contribuem com os detalhes sangrentos da história. Se você quer ter um livro bom e bonito na estante, fica a dica. As ilustrações são muito bonitas e é uma edição feita para colecionador.

Recomendo muitíssimo esta leitura para os fãs da escrita de King, por ser um trabalho bem diferenciado do autor e também para aqueles que querem ler uma história de “terror à moda antiga” com bastante sangue e violência e, ao mesmo tempo, com um final surpreendente.

A Hora do Lobisomem - Stephen King
Editora Suma de Letras
152 páginas
Nota 4

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