Resenha - Jogador Número Um


Sinopse: Uma aventura nostálgica e futurista sobre as fronteiras entre o real e o virtual, em nova edição de luxo O ano é 2045 e o mundo real é um lugar terrível. Para escapar, a humanidade passa a maior parte do tempo logada no OASIS, uma realidade virtual utópica com milhares de planetas onde as pessoas podem ser o que quiserem e coisas fantásticas acontecem — magos duelam contra robôs japoneses gigantes, há planetas inteiros inspirados em Blade Runner e DeLoreans voadores podem atingir a velocidade da luz. Wade Watts cresceu dentro do OASIS, brincando com seus programas educativos, e, aos dezoito anos, a plataforma ainda é a melhor parte de sua vida. Mas está em risco, graças à Caçada. Quando o excêntrico criador do OASIS morreu, deixou para trás um concurso para definir seu herdeiro. O primeiro usuário que desvendar as pistas, vencer uma série de desafios e chegar ao Easter egg ganhará a vasta fortuna do bilionário e o controle total da plataforma. Milhões de pessoas entram na disputa — inclusive Wade, que passa a estudar obsessivamente a cultura pop dos anos 1980 que o criador adorava —, mas também funcionários de uma perigosa corporação, que pretende limitar o acesso à plataforma. Cinco anos se passam sem que ninguém consiga desvendar a primeira pista. Até que o nome de Wade sobe para o topo do placar. De repente, o mundo inteiro está assistindo, e novos rivais o alcançam: Art3mis, Aech, Daito, Shoto e, o pior de todos, Sarrento. Aos poucos, fica claro para Wade que a competição virtual tem riscos muito reais. E a única forma de sobreviver e salvar o OASIS é ganhando. Publicado originalmente em 2011, Jogador Número Um se tornou um best-seller, foi agraciado com diversos prêmios e deu origem ao filme de sucesso dirigido por Steven Spielberg, lançado em 2018. Unindo ficção científica a inúmeras referências à cultura pop dos anos 1980 e ao universo dos videogames, essa ópera espacial geek conquistou fãs em todo o mundo.
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O ano é 2045. O mundo como o conhecemos já não existe mais. A população aumentou consideravelmente, grandes nações quebraram e as condições de vida estão piores do que nunca. A única alegria das pessoas é o OASIS, um jogo de realidade virtual, onde eles podem ser quem quiserem. A ideia é que o OASIS fosse apenas um passatempo, mas com o avançar dos anos, as pessoas só viviam dentro do jogo.

O criador do OASIS é o misterioso James Halliday e ele mudou a vida de muitas pessoas com sua obra. Porém, a jogada de mestre do gamer se deu após sua morte. No dia do anúncio do falecimento de Halliday, o mundo todo parou. O bilionário declarou que deixaria toda sua fortuna para o jogador do OASIS que encontrasse o ovo de ouro, que estava escondido em qualquer um dos mundos dentro do jogo.

Milhões de pessoas iniciaram as buscas, mas cinco anos depois ninguém tinha nem sequer uma ideia de onde o ovo de ouro estava. Wade Watts e seu avatar Parzival são caça-ovos. Ao longo dos últimos 05 anos, Wade se tornou especialista em tudo que se relacionasse à vida de Halliday, que era apaixonado pela cultura dos anos 80, a época em que cresceu. Mesmo assim, ele não consegue descobrir nada sobre a primeira pista.

Wade vive em um conjunto habitacional de trailers, na parte mais pobre de sua cidade. O OASIS é sua libertação, que ele usa para estudar e para encontrar as pistas, é claro. O melhor amigo de Wade é Aech, mas os dois se conhecem apenas no ambiente virtual. A amizade dos dois iniciou por conta da caçada ao ovo e apesar de serem rivais nessa disputa, um busca ajudar ao outro sempre que possível.

Apesar de possuir poucos recursos dentro do jogo, Parzival conta com todos os conhecimentos de Wade sobre Halliday, então depois que uma ideia brota na mente do jogador, não demora muito para que ele encontre algo de concreto na caçada, que o leve até a primeira chave. E é aí que a vida de Wade vira de cabeça para baixo de uma vez por todas.

Depois de cinco anos de nenhuma novidade, o nome de Parzival vai parar no primeiro lugar do placar, já que ele encontrou a chave de bronze e está na frente da corrida. Isso chama a atenção de muitas pessoas, principalmente dos Seis, os jogadores da IOI, uma corporação que deseja assumir o controle do OASIS e lucrar em cima da criação de Halliday.

Agora, mais do que nunca, Parzival precisará de todos os seus conhecimentos e habilidades para chegar ao final da caçada antes que a IOI consiga o que deseja. Será que ele está preparado para se arriscar e confiar nas pessoas certas?

Querem saber o que vai acontecer? Então não deixem de ler!

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Jogador Número Um foi originalmente lançado no Brasil pela Editora LeYa, em meados de 2012. O livro foi bastante comentado, mas seu maior gás foi quando a adaptação para os cinemas, dirigida por Steven Spielberg, foi lançada em 2018. Eis que então, neste ano, a Intrínseca anunciou o relançamento da obra, assim como da continuação, em edição capa dura. Com uma edição tão bela dessas, é claro que eu resolvi dar uma chance ao livro.

Eu já havia assistido ao filme, então tinha uma ideia do que se tratava o livro. Porém, conforme fui avançando na leitura, percebi que tinha que deixar tudo que eu achava que sabia de lado. Todos os elementos principais do livro estão no filme, mas a adaptação está longe de ser fiel à obra que o originou. Por mais que eu tenha gostado do filme, acho que esse foi um dos motivos que me fez gostar tanto do livro: ele me surpreender, mesmo depois de tanto tempo de lançamento.

A obra é narrada em primeira pessoa pela perspectiva de Wade. Ele é um personagem muito bem construído, apesar de ser apenas um adolescente. Wade está acostumado a não ter nada e cada conquista para ele é uma vitória, de forma que se torna fácil criar empatia pelo personagem. Além disso, ele é um nerd inveterado, com todas as características principais desse grupo, o que cria uma facilidade de identificação.

O universo criado por Ernest Cline é simplesmente fantástico. O OASIS é como se fosse um mundo paralelo onde tudo é possível. No nosso mundo atual, muitas pessoas já vivem imersas em realidades virtuais através da internet, redes sociais e afins. Mas pensar em viver em um cenário onde um jogo define o mundo e quem você é me parece um pouco assustador.

A escrita de Cline é viciante. Lembro que iniciei a leitura sem muita pretensão, apenas para conhecer um pouco da obra antes de realmente partir para o ataque. Porém, quando me dei por conta, eu já tinha lido uns 30% do livro, que é mais ou menos o tempo que leva para a ação propriamente dita se iniciar. Amei que Cline soube ambientar tudo muito bem e não apenas jogar Parzival como o personagem mais incrível que encontrou a primeira chave logo de cara. Essa parte da conquista é uma das mais importantes da história!

Os outros personagens também foram muito bem construídos. Aech é nosso alívio cômico, mas também é um grande amigo e apoiador de Parzival. Art3mis é uma personagem incrível, que mostra a que veio desde sua primeira aparição. Claro que rola uma atração entre ela e Parzival, afinal o garoto admira este avatar há muito tempo, mas o livro está bem longe de focar nisso, deixando bastante espaço para coisas mais importantes.

A IOI é a grande vilã da obra. Seu líder, Nolan Sorrento, é um homem inconsequente, que só deseja poder e dinheiro, sem se preocupar com os efeitos de suas ações na humanidade. Ele quer lucrar com o OASIS, o que vai totalmente contra os princípios de Halliday. Odiei ele desde o início e torci muito por sua derrota. É bom demais ter um antagonista que desperta isso na gente.

O final foi excelente. Ernest jogou diversas pistas ao longo do livro, que na primeira olhada pareciam não fazer sentido, mas que no final fizeram toda a diferença e eu me senti burro por não ter percebido. Minha única dúvida sobre o desfecho se dá no fato de não ter a mínima ideia do que a continuação vai tratar, pois o livro pareceu fechar todas as pontas. Ainda bem que Jogador Número Dois já foi lançado e em breve terei minha resposta.

Em suma, Jogador Número Um é um livro intenso, envolvente e fantástico, com uma história bem construída, personagens bem desenvolvidos e inúmeras referências aos anos 80. Sem sombra de dúvidas, deixo aqui minha recomendação a todos. Tenho certeza de que não vão se arrepender de dar uma chance a esta obra.


Jogador número um
Ernest Cline
Editora Intrínseca
Nota 5





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