Sinopse: "Rapazes e garotas estão sendo criados em escolas especiais. Um grupo não sabe da existência do outro — até agora. No alto de uma torre embrenhada em uma floresta e isolada do restante do mundo, temos J. Ele é um dos vinte e seis rapazes de um internato que tem como objetivo formar prodígios em artes, ciências e atletismo. Até hoje J só teve contato com as outras pessoas que vivem ali: os colegas são sua única família e todos acreditam ser filhos do fundador da escola. A vida acadêmica é tudo o que conhecem — e tudo o que lhes é permitido conhecer. Mas J suspeita da existência de algo mais fora dali, para além da Torre em que vive, algo que não querem que ele veja. É então que começa a questionar. Qual o verdadeiro propósito daquele lugar? Por que os alunos não podem sair? E que segredos o pai está escondendo deles? Enquanto isso, do outro lado da floresta, em um internato muito parecido com o de J, uma jovem chamada K vem se fazendo as mesmas perguntas. Ao investigar os mistérios por trás de suas estranhas escolas, talvez os dois acabem descobrindo algo... que não deveriam."
A mente humana é magnífica, mas existem tantas distrações que se torna difícil desenvolvê-la a sua plenitude. Richard e Marilyn eram dois desconhecidos até seus amigos transformarem uma noite divertida em um encontro de casais, onde eles eram os únicos solteiros. Em uma coisa eles concordavam, a sexualidade era uma tremenda distração. Se não existisse essa cultura tão amplamente aceita de que você não é alguém se não fizer parte de um casal, onde nós estaríamos?
A Parentalidade tem um objetivo claro: desenvolver os melhores seres humanos. Como sua didática pouco ortodoxa não seria bem aceita na sociedade, eles se isolaram. No meio da floresta, duas torres foram erguidas a uma distância segura – do mundo e delas mesmas – e povoadas com 52 bebês a pouco nascidos. Eles foram divididos igualmente e assistidos por uma equipe composta do mesmo gênero que eles. Seus mentores se tornaram o P.A.I e a M.Ã.E e o sexo oposto nunca lhes seria apresentado.
O experimento seria considerado um sucesso mesmo que apenas um de seus filhos atingissem o objetivo. Se no meio do caminho todos os outros precisassem ser eliminados, não seria um problema. É cruel, opressor e totalmente bizarro. A perspectiva é encontrar uma trama envolvente que é a cara do autor, mas que decepciona após alguns capítulos lidos.
A história narrada em primeira pessoa tem poucos narradores, mas tenta abranger diferentes pontos de vista dentro dessa mini sociedade. Infelizmente, nenhum deles irá conquistar o leitor. Os fundadores são donos de uma mente deturpada, não consigo definir se sinto raiva ou pena deles.
O autor Warren Bratt é o represente de todos aqueles que aceitaram trabalhar nesse projeto. Seu visível arrependimento o torna um pouquinho mais simpático aos nossos olhos, mas nos conquista. J é um Menino do Alfabeto e o protagonista mais sem graça que conheci. K, das Meninas do Abecedário é um pouco mais esperta e talvez, se tivesse tido mais espaço, elevaria o nível da história, mas ainda não a salvaria.
Os personagens são um problema, mas a narrativa como um todo é desestimulante. Não desperta aquela vontade de voltar para a história e boa parte do desenvolver da trama é previsível. Ou eles não imaginaram que um grupo de crianças, agora com 11 anos, não questionaria o mundo ao seu redor ou desafiaria as regras, às vezes só por diversão?
Não irei nem questionar as falhas existentes nesse enredo, já que a falta do sexo oposto não elimina o desenvolvimento hormonal e sentimental desses jovens. A história tem uma pegada de distopia, mas o amargor que senti ao finalizar o livro – além da decepção - tinha muito mais a ver com a exploração que o autor fez sobre o pior do ser humano.
Após ler Caixa de Pássaros, coloquei Josh Malerman na minha nem tão pequena lista de autores favoritos. Infelizmente, todas as experiências posteriores me fizeram questionar essa decisão. Não quero acreditar que uma mente brilhante será responsável por um único sucesso, mas está sendo uma missão difícil...
Inspeção - Josh Malerman
Editora Intrínseca
416 páginas
Nota: 2,5
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