Resenha - Medicina dos Horrores

Sinopse: Em Medicina dos Horrores, a historiadora Lindsey Fitzharris narra como era o chocante mundo da cirurgia do século XIX, que estava às vésperas de uma profunda transformação. A autora evoca os primeiros anfiteatros de operações — lugares abafados onde os procedimentos eram feitos diante de plateias lotadas — e cirurgiões pioneiros, cujo ofício era saudado não pela precisão, mas pela velocidade e pela força bruta, uma vez que não havia anestesia. Não à toa, os mais célebres cirurgiões da época eram capazes de amputar uma perna em menos de trinta segundos. Trabalhando sem luvas e sem qualquer cuidado com a higiene básica, esses profissionais, alheios à existência de micro-organismos, ficavam perplexos com as infecções pós-operatórias, o que mantinha as taxas de mortalidade implacavelmente elevadas. É nesse cenário, em que se considerava mais provável um homem sobreviver à guerra do que ao hospital, que emerge a figura de Joseph Lister, um jovem médico que desvendaria esse enigma mortal e mudaria o curso da história. Concentrando-se no tumultuado período entre 1850 e 1875, a autora nos apresenta Lister e seus contemporâneos e nos conduz por imundas escolas de medicina, os sórdidos hospitais onde eles aprimoravam sua arte, as “casas da morte” onde estudavam anatomia e os cemitérios, que eles volta e meia invadiam para roubar cadáveres. Chocante e revelador, Medicina dos Horrores celebra o triunfo de um visionário, cuja busca para atribuir um caráter científico à medicina terminou por salvar milhões de vidas."
Em Medicina dos Horrores a historiadora e escritora Lindsey Fitzharris mergulha fundo no mundo cirúrgico de meados do século XIX para apresentar ao leitor um cenário desconhecido e até mesmo assustador da história da medicina.

Nessa época as cirurgias eram realizadas em anfiteatros lotados para que a comunidade médica e cientifica pudesse acompanhar os avanços. E diferente de hoje, os cirurgiões não eram conhecidos pelo trabalho bem feito ou vidas salvas, mas pela rapidez nos procedimentos. 

Sem a existência de anestesia, eles amputavam membros em 30 segundos, eram verdadeiros açougueiros que sem conhecer a presença de micro-organismo não se atentavam as condições precárias de higiene que contribuíam para o óbito desses pacientes.

Nesse cenário onde os hospitais eram conhecidos como Casas da Morte, se submeter a um procedimento cirúrgico era uma sentença de morte. Se o paciente não morresse devido ao trauma durante a cirurgia, as bactérias até então desconhecidas pela comunidade médica davam conta do recado. A taxa de mortalidade era altíssima entre pacientes e cirurgiões, que não usavam luvas, máscaras ou qualquer tipo de proteção entre as cirurgias.

Parece que estamos falando de uma ficção né! Afinal é chocante imaginar que pouco tempo atrás não existia anestesia e a medicina não entedia os mistérios relacionados a infecção, motivo pelo qual muitas vidas foram perdidas de forma prematura. 

E foi tentando compreender mais sobre os mistérios da putrefação e sua causa que Joseph Lister dedicou boa parte de sua carreira na missão de prevenir e combater esse pesadelo que assombrava os médicos da época.

No entanto, a dedicação de Lister em desvendar os mistérios relacionados aos micro-organismos e infecções pós-operatórias enfrentou grande resistência. Foi preciso muita luta e perseverança para provar seu ponto de vista e convencer seus colegas que permaneceram irredutíveis por muito tempo, zombando de Lister e de suas descobertas. 

Mas mesmo desacreditado ele não desistiu. Lister tinha plena convicção do que pregava e se hoje temos uma medicina eficaz e estamos livres de infecções incuráveis, é graças a obstinação desse médico que se destacou em uma época em que poucos o faziam.

“Sabíamos que estávamos em contato com um gênio. Sentíamos que estávamos ajudando na criação da história e que tudo estava ganhando novos ares.” O que antes fora impossível passou a ser realizável. O que antes era inconcebível podia então ser imaginável.

Medicina dos Horrores - Lindsey Fitzharris
Editora Intrínseca
320 páginas
Nota: 5



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