Resenha - A Mulher na Janela

Sinopse: Anna Fox mora sozinha na bela casa que um dia abrigou sua família feliz. Separada do marido e da filha e sofrendo de uma fobia que a mantém reclusa, ela passa os dias bebendo (muito) vinho, assistindo a filmes antigos, conversando com estranhos na internet e... espionando os vizinhos. Quando os Russells – pai, mãe e o filho adolescente – se mudam para a casa do outro lado do parque, Anna fica obcecada por aquela família perfeita. Até que certa noite, bisbilhotando através de sua câmera, ela vê na casa deles algo que a deixa aterrorizada e faz seu mundo – e seus segredos chocantes – começar a ruir. Mas será que o que testemunhou aconteceu mesmo? O que é realidade? O que é imaginação? Existe realmente alguém em perigo? E quem está no controle? Neste thriller diabolicamente viciante, ninguém – e nada – é o que parece. "A Mulher Na Janela" é um suspense psicológico engenhoso e comovente que remete ao melhor de Hitchcock."
A psicóloga infantil Anna Fox precisou abandonar sua conceituada carreira devido a um transtorno psicológico com episódios de ataques de pânico. Ela sofre de agorafobia, uma doença que a faz sentir-se sozinha em espaços abertos ou em lugares públicos. Por conta dessas restrições, Anna viu a carreira e vida social se abalarem. 

Tais situações contribuíram para que nossa protagonista se entregasse a uma vida solitária de bebedeira, muitos remédios e filmes antigos. Tudo isso enquanto permanece trancada na antiga casa de quatro andares que antes dividia com sua filha e ex-marido. Seu passatempo agora é acompanhar a vida dos vizinhos através das grandes janelas de sua sala, enquanto sua própria vida permanece estagnada.

Ao acompanharmos o dia a dia de Anna, é possível percebermos que sua visão de mundo e acontecimentos não é totalmente confiável e talvez sua narrativa possa ser um tanto distorcida. Anna vive dopada, misturando sempre seus remédios com Merlot, o vinho favorito que ela ingere como se fosse água. E tal costume leva o leitor a desconfiar de alguns episódios ocorridos no decorrer da leitura.

Nessa rotina solitária, os poucos momentos de felicidade de Anna acontece com as ligações do ex-marido e da filha de oito anos, que mesmo longe mantém um contato constante. A princípio me perguntei o motivo desse abandono de sua família em um momento que ela necessitava tanto de apoio, no entanto no decorrer da leitura a resposta para tal pergunta foi ficando cada vez mais evidente.


Como aconselhado por seu psicólogo, Anna mantém alguma interação com seu inquilino David, um rapaz que mora em seu porão e ajuda na manutenção da casa. A vida de Anna é monótona, mas esse arranjo ajuda a manter a tranquilidade nos últimos dez meses, período no qual ela enfrentou um episódio extremamente traumático.

Com a chegada dos novos vizinhos, Anna encontra uma nova distração, e através de sua câmera começa a monitorar a rotina da família que mudou-se para a casa do outro lado do parque. Obcecada pela vida de Alistair, Jane e do adolescente Ethan, sua rotina agora é acompanhar a rotina dos Russell’s, mas as coisas mudam certa noite quando Anna presencia através de sua janela uma cena perturbadora na casa dos vizinhos. 


Ela jura que o que viu foi real, mas seu estado dopado não dá qualquer credibilidade aos fatos. Sem conseguir provar sua versão da história, ela acaba desacreditada pela polícia e pela vizinhança. Mas como Anna poderia provar algo que nem mesmo ela tem certeza se era real?

***

O suspense que A. J. Finn insere nesse enredo é a cereja do bolo que deixa o leitor duvidando de tudo e de todos.

"— Você não acha que está sendo um pouquinho paranoica? Antes que ele possa dizer mais alguma coisa, disparo:— Não é paranoia se está realmente acontecendo."

Eu sou completamente apaixonada por thrillers e preciso dizer que fazia tempo que eu não me via tão desesperada por pistas em um livro. Durante a leitura minhas teorias foram diversas e confesso que até consegui acertar algumas, mas nada me preparou para o final impactante que o autor preparou para o desfecho dessa história. 

A grande sacada nessa trama foi lidar com uma narradora completamente questionável e conseguir distinguir o quanto das suas perspectivas eram reais ou fruto de alucinações, e isso foi algo que me trouxe confusão durante boa parte da leitura.

Repleto de mistérios e suspense, A Mulher na Janela foi uma leitura sombria e instigante que me fez devorar cada página em busca de respostas. Com uma narrativa fluída e uma trama complexa capaz de testar o leitor sobre a capacidade de discernir entre o que é real ou fruto da imaginação da protagonista, esse thriller certamente ganhará destaque na lista de favoritos dos amantes do gênero e também daqueles que desejam se aventurar em uma trama de suspense psicológico. Leiam!

A Mulher na Janela - A.J. Finn
Editora Arqueiro
352 páginas
Nota: 5

0 comentários

Postar um comentário