Sinopse: "Uma das histórias mais terríveis de Stephen King, O cemitério mostra como a dor e a loucura, muitas vezes, dividem a mesma estrada. Louis Creed, um jovem médico de Chicago, acredita que encontrou seu lugar em uma pequena cidade do Maine. A boa casa, o trabalho na universidade e a felicidade da esposa e dos filhos lhe trazem a certeza de que fez a melhor escolha. Num dos primeiros passeios pela região, conhecem um cemitério no bosque próximo à sua casa. Ali, gerações de crianças enterraram seus animais de estimação. Mas, para além dos pequenos túmulos, há um outro cemitério. Uma terra maligna que atrai pessoas com promessas sedutoras. Um universo dominado por forças estranhas capazes de tornar real o que sempre pareceu impossível. A princípio, Louis Creed se diverte com as histórias fantasmagóricas do vizinho Crandall. No entanto, quando o gato de sua filha Eillen morre atropelado e, subitamente, retorna à vida, ele percebe que há coisas que nem mesmo a sua ciência pode explicar. Que mistérios esconde o cemitério dos bichos? Terá o homem o direito de interferir no mundo dos mortos? Em busca das respostas, Louis Creed é levado por uma trama sobrenatural em que o limite entre a vida e a morte é inexistente. E, quando descobre a verdade, percebe que ela é muito pior que seus mais terríveis pesadelos. Pior que a própria morte – e infinitamente mais poderosa."
Louis Creed é um médico na casa dos trinta anos que conseguiu um novo emprego em uma universidade no Maine. Esse novo trabalho lhe pagaria uma boa quantia, algo que mudaria sua vida, além de livrá-lo do stress de um hospital. Por isso, o homem nem hesitou ao aceitar e mudar-se com a esposa, os filhos e o gato para a pacata cidade de Ludlow.
Logo de cara Louis faz amizade com seu vizinho, Jud, e sente-se extremamente acolhido pelo senhorzinho de 80 anos, como se este fosse um pai. Todas as noites ele passa a se reunir com Jud para tomar umas cervejas e conhecer a história da cidadezinha, que como todo lugar, tem muito para contar.
Nos fundos da propriedade de Louis existe uma trilha, que leva a um "simitério" de bichos. Ali, gerações de crianças enterraram seus animais de estimação e o lugar é extremamente bem conservado. A filha de Louis, Ellie, fica impressionada com o local e não sabe como lidar com a situação. Ela quer que seu gato, Church, nunca morra. Como explicar a morte para uma criança de cinco anos, se nem mesmo a mãe dela, Rachel, sabe lidar com isso?
O tempo passa e Louis começa seu emprego na enfermaria da Universidade e logo no primeiro dia um caso o assombra. Um jovem rapaz fora atropelado enquanto corria com os amigos e teve sua cabeça esmagada por uma árvore. Louis sabe que não há o que fazer pelo rapaz, que tem um enorme buraco no crânio, mas usa de seus esforços para fazê-lo sofrer menos até o fim.
À noite, de volta para casa, o caso de Victor, o rapaz atropelado, ainda atormenta Louis, tanto que à noite chega a sonhar com isso que ele apareceu em sua casa e o levou para o "simitério", dando-lhe um aviso para nunca ultrapassar os limites daquele lugar, pois o que tem além é extremamente perigoso. Quando acorda, Louis tenta processar o sonho, mas quando percebe que seus pés estão sujos de lama, começa a se perguntar o que realmente aconteceu.
Tudo segue bem, até um grave acidente acontecer. Church, o gato de Ellie, fora encontrado morto no quintal de Jud, enquanto a menina viajava com a mãe. Louis não entende muito bem o que aconteceu, já que mandara castrar o gato para evitar suas perambulações. Aparentemente, ele fora atropelado por um dos caminhões que frequentemente cruzam a rodovia que separa as casas de Jud e Louis.
Jud, vendo o desespero de Louis por ter que contar a Ellie o que aconteceu com Church, toma uma atitude que mudará a vida de todos para sempre e fará Louis questionar tudo aquilo em que sempre acreditou. Será que aquilo era mesmo possível? Aos poucos, o doutor perceberá que Ludlow esconde mais segredos do que ele imaginava e estes podem ser extremamente perigosos.
Querem saber o que vai acontecer? Então não deixem de ler!
***
Stephen King é um dos meus autores queridinhos da vida, mesmo tendo lido poucas obras do autor. Quando surgiu a oportunidade de solicitar O Cemitério, não hesitei, pois este é um dos livros do autor pelos quais eu estava mais curioso. Coincidentemente ele foi escolhido como o livro de outubro do Vórtice Fantástico aqui de Porto Alegre e adiei a leitura para conciliar com o encontro.
Publicado originalmente em 1983, O Cemitério tem o estilo de escrita mais antigo de King, que aposta em detalhes mais minuciosos, o que torna a narrativa um tanto mais lenta. Demorei umas 150 páginas pra imergir totalmente na história, mas depois que isso aconteceu, a leitura só deslanchou.
King não é conhecido como Mestre do Terror à toa, não. A forma como ele construiu a trama desde o princípio já me mostrou aonde queria chegar, mas os sustos que fui tomando pelo caminho... socorro!Só digo a vocês que depois dessa leitura eu nunca mais verei gatos da mesma forma. Ou bebês.
A quantidade de terror foi bem dosada pelo autor. Ele leva o leitor ao ápice em alguns momentos, para então normalizar tudo e ir construindo aos poucos mais algumas cenas aterrorizantes, que nos levam outra vez ao ápice e nos fazem pular na cadeira enquanto lemos.
O livro é narrado em terceira pessoa, sob a perspectiva de Louis. Como todos os personagens de King, o doutor não é muito certo da cabeça e tem alguns pensamentos bem imponderados. Com tudo que aconteceu, até entendo certas atitudes suas, mas confesso que eu teria medinho de me consultar com ele se o conhecesse pessoalmente.
O que mais gostei no livro foi como King lidou com a morte em geral. Rachel teve uma irmã que morreu quando ela era criança, de uma doença degenerativa. Os últimos dias transformaram Zelda em um monstro e Rachel prefere evitar a morte até hoje por conta do alívio que sentiu quando a irmã partiu. É errado ficar feliz quando alguém que nos faz mal morre?
O desfecho foi um tanto previsível e o motivo de eu não ter dado cinco estrelas para o livro. Quer dizer, com tudo que estava acontecendo na trama, acho que King poderia ter investido um pouco mais e aumentado tranquilamente umas 20 páginas do já tão grande livro só para instigar um pouco mais o leitor. Entretanto, o autor preferiu seguir por um caminho mais rápido e convencional.
A edição física está bem trabalhada, mas não há nada que mereça grande destaque. As páginas são amareladas, a fonte é grande e o espaçamento é bom. A revisão também está ótima, um bom trabalho da Suma de Letras. A capa não é muito do meu agrado. Ela é minimalista demais e não tem tanto atrativo. Se eu não conhecesse o trabalho do autor e essa obra específica, não teria me sentido influenciado a comprá-la pela capa.
O Cemitério é um bom livro, bastante assustador e construído na medida certa. Mais um bom trabalho do Mestre King e não posso deixar de recomendar a todos vocês. Vale super a pena!
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