Resenha - O Jogo do Amor e da Morte

Sinopse: "Raça, classe, destino e escolha se unem ao Amor e à Morte para interpretar seus papéis nesta narrativa comovente. Marco Antônio e Cleópatra. Helena de Troia e Páris. Romeu e Julieta. E agora... Henry e Flora. Há séculos o Amor e a Morte escolhem seus jogadores. Eles estabelecem as regras, jogam os dados e ficam por perto, prontos para influenciar, em busca da supremacia. E a Morte sempre ganhou. Sempre. Mas pode haver um casal cujo amor realmente mude esse jogo? Flora Saudade é uma garota afro-americana que, de dia, sonha em se tornar aviadora e, à noite, canta nos esfumaçados clubes de jazz de Seattle. Henry Bishop nasceu a alguns quarteirões e milhares de mundos de distância, um garoto branco com o futuro garantido — uma rica família adotiva em meio à Grande Depressão, uma bolsa de estudos para a faculdade e todas as oportunidades do mundo. Os jogadores foram escolhidos. Os dados foram lançados. Mas, quando seres humanos fazem suas próprias jogadas, ninguém pode prever o que acontecerá em seguida. Dolorosamente romântico e brilhantemente imaginado, O Jogo do Amor e da Morte é uma história de amor inesquecível."
Por milênios o Amor e a Morte travaram uma rixa, que se resume a um jogo do qual apenas um deles sai vitorioso. Eles escolhem seus jogadores, definem as regras e qual será o prêmio do vitorioso. Depois disso, ficam por perto, interferindo na vida dos peões e ao seu redor em busca da vitória.

Aconteceu assim com Marco Antônio e Cleópatra, Helena de Tróia e Páris, Romeu e Julieta... Diversos jogos e o resultado sempre se repete: a Morte é sempre vitoriosa. Pelo menos até agora.

Desta vez, os jogadores são Henry Bishop, um garoto branco, amante da música – especialmente as clássicas – que foi adotado por uma rica família após a morte de seus pais, tendo assim seu futuro garantido. E Flora Saudade, uma afro-americana vinda da periferia, que luta durante o dia para se tornar aviadora e à noite ganha seu sustento cantando em clubes de jazz em Seattle.

Em plenos anos 1930, a possibilidade de haver um romance envolvendo etnias e classes sociais diferentes não poderia ser ainda mais absurda e condenável perante a sociedade. Mas os dados foram lançados. O jogo começou e desta vez a vitória seria imprevisível.

Querem saber o que vai acontecer? Então não deixem de ler!

***

O Jogo do Amor e da Morte é um livro que aborda temas até hoje polêmicos em um cenário da década de 30 com uma leveza ímpar. O modo como Martha Brockenbrough conseguiu desenvolver assuntos como a diferença de classes sociais, racismo e a descoberta da homossexualidade foram de uma tranquilidade e delicadeza comoventes.

A construção de cada personagem foi muito bem elaborada. Entre eles o que mais me cativou foi Ethan, o melhor amigo de Henry. Ele protagonizou interessantes pautas retratando a realidade da época, como a dislexia – que só seria diagnosticada como doença neurobiológica 70 anos depois -, que na época era considerada desleixo ou analfabetismo.

Fora isso, temos sua homossexualidade, que era tratada na época como algo imoral e pecaminoso. Ambos os temas foram abordados com naturalidade, o que nos permite acompanhar o crescimento dos personagens durante o enredo.

Em relação ao casal protagonista do Jogo, vemos a definição de um casal sofrido. Além das complicações para ficarem juntos, devido às suas diferenças, eles também sofrem influências dos rivais Amor e Morte, que manipulam suas vidas para tentar alcançar a vitória. A autora desenvolveu o amor entre os jogadores com muito cuidado. Nada foi precipitado, tendo a paixão entre eles crescendo de acordo com os acontecimentos, até que se tornassem um só.

Brockenbrough também soube conduzir os personagens Amor e Morte com maestria, evidenciando o eterno tédio dos imortais e amenizando-o com o Jogo. Apesar de ser de uma natureza insensível, os oponentes revelam seus sentimentos e fraquezas no decorrer da história.

Por fim, é importante ressaltar que neste livro não existe bem ou mal, absolutamente. Todos tomam decisões complicadas e arcam com as consequências destas. É um livro que trabalha a realidade com um toque de fantasia. Perfeito para quem curte um romance cru com uma pitada de ficção. Recomendo.

O Jogo do Amor e da Morte - Martha Brockenbrough
Editora Verus
308 páginas
Nota: 4

0 comentários

Postar um comentário