Resenha - Outlander: A Viajante do Tempo


Sinopse: "Em 1945, no final da Segunda Guerra Mundial, a enfermeira Claire Randall volta para os braços do marido, com quem desfruta uma segunda lua de mel em Inverness, nas Ilhas Britânicas. Durante a viagem, ela é atraída para um antigo círculo de pedras, no qual testemunha rituais misteriosos. Dias depois, quando resolve retornar ao local, algo inexplicável acontece: de repente se vê no ano de 1743, numa Escócia violenta e dominada por clãs guerreiros. Tão logo percebe que foi arrastada para o passado por forças que não compreende, Claire precisa enfrentar intrigas e perigos que podem ameaçar a sua vida e partir o seu coração. Ao conhecer Jamie, um jovem guerreiro escocês, sente-se cada vez mais dividida entre a fidelidade ao marido e o desejo. Será ela capaz de resistir a uma paixão arrebatadora e regressar ao presente?"


A Segunda Guerra Mundial chega ao fim e Claire Randall pode finalmente se reunir a seu esposo após seis longos anos. Eles vão juntos para a Escócia, onde desfrutam de uma segunda lua de mel, ao mesmo tempo em que Frank aprofunda as pesquisas sobre seus ancestrais que defendiam a Inglaterra naquele país durante a revolta Jacobita do século XIII.

Após muitos passeios e de presenciar um antigo ritual druida em meio a um círculo de pedras, Claire decide retornar a Craigh, na Dun, para colher algumas plantas medicinais que havia identificado no local. No palco de rituais ancestrais, sons que parecem vir da pedra central do círculo chamam a sua atenção. Ao se aproximar e tocar a rocha, ela sente o mundo girar ao seu redor e um ruído intenso perturba seus sentidos, fazendo-a cair desorientada.

Quando se recupera, Claire percebe que uma guerra está em curso onde até poucos momentos havia apenas o silêncio do campo. Confusa e acreditando tratar-se de alguma encenação, ela segue o caminho que deve levá-la de volta para a cidade, mas acaba caindo nas mãos de um capitão inglês cuja semelhança com seu marido Frank é assustadora. Jonathan Randall não sabe de onde surgiu aquela mulher, mas seus trajes inapropriados depõem contra a sua honra. Quando o capitão está prestes a tomá-la à força, é atacado, e Claire sequestrada.

Nada faz sentido. As roupas que os homens vestem parecem ser de outra época assim como a língua que falam. E quem seria o Dragão Inglês que tanto se assemelha ao seu marido? Na cabana para onde foi levada, os homens a tratam com desconfiança devido à origem inglesa de Claire. Temendo por sua vida, ela sabe que precisa se fazer útil ao perceber um jovem bastante machucado, e imediatamente toma as rédeas da situação para tratá-lo, utilizando os conhecimentos adquiridos como enfermeira durante a guerra.

É assim que Claire conhece James Alexander Malcolm MacKenzie Fraser, ou Jamie, que após receber os primeiros cuidados, é responsável por levá-la consigo durante a longa cavalgada até o Forte Mackenzie. Lá, Claire comprova as suspeitas das quais estava relutante em acreditar. Pelo visto, ela havia sido misteriosamente teletransportada para o ano de 1742, na Escócia, e encontrava-se em poder do clã Mackenzie. Claire era uma inglesa entre os jacobitas às vésperas de uma revolução da qual já conhecia o final e, para piorar, estava em poder do lado perdedor.

Fazendo-se útil e valendo-se de seus conhecimentos sobre plantas medicinais e enfermagem, Claire tenta ganhar tempo até que consiga fugir com destino ao círculo de pedras de Craigh, na Dun, agora a vários dias de distância a cavalo. Sua única esperança é que qualquer que seja a mágica que a havia trazido até ali, também a levasse de volta ao seu presente. Contudo, fugir do clã Mackenzie pode trazer ainda mais riscos, e a conformidade com a situação parece ser sua única saída até que um belo jovem coloca à prova a lealdade de Claire com seu marido e com seu tempo.

***

Senhoras e senhores, lhes apresento uma obra prima para ser abraçada, beijada e colocada em posição de destaque na sua estante. Quando comecei a ouvir falar tão bem de Outlander, imaginei que fosse apenas uma poderosa estratégia de marketing e que se tratasse de só mais um livro grosso, como uma Bíblia, contando uma história medieval que apesar das aventuras me mataria de tédio na metade. Vã ingenuidade.

Acredito que Diana Gabaldon seja uma druida que colocou algum feitiço em sua obra para que mesmo com sua extensa narrativa e páginas e mais páginas de cenas que parecem que não vão levar a lugar algum, faz com que o leitor jamais se canse do livro. Não existe um parágrafo que vocês possam dizer “só enrolação, ela poderia ter me poupado disso”. Tudo que é escrito nos leva a algo e a trama se desenrola tão detalhadamente que vocês convivem no dia-a-dia com os personagens. É indescritível. Uma escrita impecável.

Em Outlander, Claire, sem querer, viaja no tempo. Para seu azar, ela acaba se encontrando na pior situação imaginável. Por ser inglesa, os escoceses que a capturaram pensam que ela é uma espiã da coroa. E por estar entre escoceses, o regimento inglês acredita que ela seja uma traidora. A vida dela está em risco o tempo todo, mas para o consolo de Claire, e alegria de nós leitores, Jamie Fraser, um belíssimo e irresistível fora-da-lei, entra em cena para tentar salvá-la de ambos os lados. Como também é procurado pelo exército Inglês, ele pode, pelo menos, garantir a segurança de Claire entre os escoceses. Ou é o que se espera.

Jamie. Fraser. Lembrem-se deste nome, pois após entrarem no mundo de Outlander, não há volta. É impossível não se encantar por este personagem. Jamie é bastante jovem, e mais novo que Claire, mas é forte, espirituoso, inteligente e apaixonante. Eu nunca antes – NUNCA – parei minha leitura tantas vezes para dizer “Ai, Meu Deus!!” e abraçar um livro. E todas as vezes que fiz isso foram por causa de Jamie. Ele é simplesmente demais e faz vocês quererem ir para a Escócia à caça de círculos ancestrais de pedras e de rituais druidas.

O livro possui muito romance, sim, mas também remonta a um período histórico com muitos detalhes e vocês se sentem vivendo naquela época. Diana Gabaldon faz a gente sentir intensamente todos os acontecimentos narrados, e como as situações possuem muita força, tanto as boas quanto as ruins, quando as cenas são felizes e românticas ela leva o leitor às alturas, mas também faz com que vocês cogitem consultar um cardiologista para saber se seu coração é forte o suficiente para os momentos em que ela maltrata seus personagens sem dó nem piedade. “Não pode ser verdade” e “Isso não está acontecendo” eram alguns dos pensamentos que me assombravam durante a leitura – entre os muitos “Ai, Meu Deus!”.

Para quem assiste a série de TV baseada na obra, vale ressaltar que ela tem sido bastante fiel ao livro. A primeira temporada, que ainda está sendo transmitida, conta os acontecimentos deste primeiro volume da série. É claro que alguns pequenos detalhes são alterados, eu percebi isto, principalmente, nesta segunda parte da temporada, mas de forma geral, a história é a mesma e, inclusive, muitos diálogos são idênticos. Se vocês gostam da série, vão se apaixonar ainda mais pelos livros.

Os personagens secundários também são muitos, e todos muito bem descritos no texto. Eles auxiliam na ambientação e são cruciais no desenvolvimento da trama. Adorei como a autora explorou os conceitos de fidelidade, família e os jogos de influência da época. Como Claire vivia em 1945 antes de viajar no tempo, tudo é novo para ela, e é através da observação desses personagens que ela começa a se habituar à sua nova realidade.

Escrito em primeira pessoa pela visão de Claire, Outlander é dividido em sete partes, cada uma contando um novo momento da narrativa - e fiquem atentos, a parte sete pode realmente estraçalhar seu coração. Apesar da reclamação de alguns fãs, eu considero a capa belíssima e os detalhes brilhantes em relevo com o nó celta dão um toque especial. A diagramação segue o padrão da Editora Saída de Emergência, com um trecho do livro em letras grandes na apresentação e folhas pretas apresentando o título. As páginas internas são amareladas e o espaçamento é simples. 

Inteligente, profundo, intenso e cativante. Outlander foi sem dúvidas a melhor leitura de 2015. Um livro indicado para os espíritos apaixonados e os corações fortes. Uma história tocante de bravura, amor, provações e superação que fará com que vocês não queiram se despedir dos personagens tão cedo.

Outlander: A Viajante do Tempo - Diana Gabaldon
Livro 01
Série Outlander
Editora Arqueiro
752 páginas

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