Resenha - Tudo o que nunca contei


Sinopse:
"
O premiado romance de estreia de Celeste Ng volta às livrarias com nova capa. Na manhã de um dia de primavera de 1977, Lydia Lee não aparece para tomar café. Mais tarde, seu corpo é encontrado em um lago de uma cidade de Ohio a que ela e sua família sino-americana nunca se adaptaram muito bem. Quem ou o que fez com que Lydia — uma estudante promissora de 16 anos, adorada pelos pais — fugisse de casa e se aventurasse em um bote tarde da noite, mesmo tendo pavor de água e sem saber nadar? À medida que a polícia tenta desvendar o caso do desaparecimento, os familiares de Lydia descobrem que mal a conheciam. E a resposta surpreendente, assim como o corpo da garota, está muito abaixo da superfície."


Revelações e relacionamentos familiares.

A família Lee tem sua vida mudada numa manhã de primavera quando Lydia, a filha do meio e a favorita do casal, não aparece para tomar o café da manhã. Ela era a idealização de filha e seus pais projetavam nela a realização de todos os sonhos que os dois não alcançaram: no caso do pai, popularidade e aceitação; no da mãe, sucesso acadêmico e profissional. E conheciam de fato a filha? Sabiam quais eram seus anseios? Conheciam seus amigos, sua rotina? Escutavam seus gritos silenciosos por aceitação?

Mais tarde quando seu corpo aparece no lago da cidade o equilíbrio que parecia manter a família unida se desfaz, mergulhando todos no caos.

O pai, culpado, busca conforto longe de casa; a mãe, vingativa, quer encontrar o responsável pela morte da filha; Nath, o irmão mais velho, acredita piamente que seu vizinho problemático está envolvido com a tragédia. Nesse frenesi detalhes são negligenciados….

O que fazemos com coisas indesejadas, que já não são mais necessárias ou, quem sabe, nunca foram primordiais e mesmo assim precisamos manter, pois não se sabe quando poderá vir a ser útil? Geralmente são colocadas no alçapão de uma casa.

Meu coração ficou apertado quando fiz essa analogia à Hannah, a caçula da casa. Seu quarto ficava no sótão da casa e ela nunca era vista de verdade; notada; não recebia a devida atenção. Isso era reflexo de uma gravidez indesejada e frustração dos sonhos de seus familiares? Talvez. Ficava sempre no cantinho, encolhida, apenas observando, afinal era tudo o que lhe restava. Dessa forma via o que os outros não percebiam e descobre muito mais do que todos imaginam, e talvez seja a única a entender de fato o que há por trás da morte da irmã.

Esta obra conta a história pautada pela incapacidade que muitas vezes temos em compreender os outros e a nós mesmos. Expectativas familiares podem representar um fardo pesado demais para se carregar na vida de uma pessoa.

Aparências, projeções, carências, rejeições, abandonos, não pertencimento, falta de diálogos e alguns outros temas estão presentes na obra.


Tudo o que nunca contei - Celeste Ng
Editora Intrínseca
304 páginas
Nota: 5






0 comentários

Postar um comentário