Resenha - Tudo que a gente sempre quis

Sinopse: Casada com um membro da elite de Nashville, Nina Browning leva a vida com que sempre sonhou. Recentemente, o marido ganhou uma fortuna vendendo seu negócio de tecnologia e o filho adorado foi aceito em Princeton. No entanto, às vezes Nina se pergunta se ela se afastou dos valores com que foi criada em sua pequena cidade natal. Tom Volpe é um pai separado que se divide entre vários empregos para criar a filha, Lyla. Ele finalmente começa a relaxar depois que a menina ganha uma bolsa de estudos na escola de maior prestígio de Nashville. Filha de uma brasileira e de origem menos abastada, Lyla nem sempre se encaixa em meio a tanta riqueza e privilégios, mas, na maioria das vezes, ela é uma adolescente típica e feliz. Então uma fotografia, tirada em um momento de embriaguez em uma festa, muda tudo. À medida que a imagem se espalha, as opiniões da comunidade se dividem. No centro das mentiras e do escândalo, Tom, Nina e Lyla são forçados a questionar seus relacionamentos mais íntimos, percebendo que tudo que sempre quiseram talvez não fosse tão perfeito assim."


Lyla Volpe é latino-americana. A mãe brasileira abandonou a família quando ela tinha quatro anos, deixando para Tom a responsabilidade de criar a filha. E ele fez tudo o que estava ao seu alcance para criá-la da melhor maneira e estava tendo bastante sucesso. Ela não lhe dava dor de cabeça quanto ao toque de recolher, era uma aluna dedicada, tinham um diálogo confortável e, apesar de ser bolsista em um colégio de elite, não se deixava deslumbrar e mantinha boas amizades. Por isso ele perdeu a cabeça naquela noite. Não foi por ela ter chegado bêbada em casa com a roupa que ele a pediu para trocar... foi por ter mentido e, principalmente, pela foto que estava circulando por ai.

As más línguas nunca deixariam Nina Browning esquecer que ela não pertencia naturalmente aquele lugar. Ela se apaixonou pelo marido na faculdade e isso nada tinha a ver com seu sobrenome. No casamento deles havia amor, cumplicidade e enquanto ele focava no trabalho, ela se dedicava ao filho e a caridade. Eram por suas doações que estavam sendo homenageados na noite em que Nina duvidou se havia tido sucesso na árdua jornada de criar um filho. Pois vivendo em uma bolha social onde as aparências dizem quase tudo, ela sempre se orgulhou de nunca ter se corrompido e jurava que havia passado bons valores a Finn.

Uma brincadeira sem graça e preconceituosa pode afetar a vida desses jovens de forma irreparável. E para saber o que achei dessa história, continue lendo.

Sempre que início um novo livro, principalmente de autores internacionais, me transporto para mundos que são muito diferentes do meu. Como se fosse uma realidade alternativa e não algo totalmente possível. A estrutura das escolas e faculdades americanas é diferente da nossa, a dinâmica entre as grandes cidades e as cidades do interior (que deve ser igual no Brasil, mas que é algo que não vivencio), a liberdade que os adolescentes parecem ter... Porém, dessa vez não ouve esse distanciamento todo. A sensação que eu tinha, era que história se de acontecendo do meu lado.

Esse livro é tão atual que eu nem sei por onde começar a falar. Ele parece um grito de alerta pela humanidade que estamos perdendo, pela moral que está perdendo seu significado, pelas mulheres que continuam sofrendo simplesmente por serem mulheres. Emily Giffin sempre me encantou pelo lado humano de seus personagens, motivo pelos quais se tornou uma das minhas autoras favoritas, mas ela se superou em Tudo o que a gente sempre quis.

Ao contrário do que se possa imaginar ao ler a sinopse ou até ao acompanhar o início da história, não há um grande romance por trás. E isso faz toda a diferença. A mensagem transmitida está nas relações dos personagens, com os filhos, com os cônjuges, consigo mesmos. Tom é um personagem muito sensível e eu me encantei por ele, mas Lyla e Nina são as grandes protagonistas. Uma é muito jovem, cometendo erros característicos não apenas da idade, mas que falam muito sobre quem ela é em essência. A outra já viveu um pouco mais, é totalmente pé no chão, consciente dos privilégios que tem e disposta a usar da sua posição para mudar um pouquinho que seja a vida de outra pessoa. Não porque é bonito se fazer, mas por acreditar do que faz.

A história é contada em primeira pessoa por Nina, Tom e Lyla. Uma narrativa totalmente envolvente, que me fez devorar essas páginas não me deixou largar o livro até que chegasse ao final. E esse me surpreendeu e emocionou por diferentes motivos. O prologo se passa alguns anos depois e, mesmo sendo um pouco vago sobre alguns acontecimentos, foi perfeito.


Quem procura uma história para se apegar e, talvez, deixar algumas lágrimas rolarem, esse é o livro perfeito. Uma história para se refletir sobre a família e os rumos perigosos da sociedade que estamos criando. 

Tudo que a gente sempre quis - Emily Giffin
Editora Arqueiro
304 páginas
Nota: 5

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