Resenha - Celular

Sinopse: "Um dos livros mais sangrentos e horripilantes do mestre do terror. Stephen King captura o leitor desde as primeiras páginas, sem oferecer qualquer chance para que recupere o fôlego antes do final devastador.Em Celular, King leva o medo da tecnologia e do terrorismo digital às últimas consequências. De uma hora para outra, telefones celulares se tornam os responsáveis pelo apocalipse, ao apagar do cérebro de milhões de pessoas qualquer traço de humanidade, deixando no lugar apenas violência e impulsos destrutivos.Aqueles que não possuem um celular, como o artista gráfico Clayton Riddell e seu pequeno grupo de normies ― pessoas que não sofreram o ataque ―, agora lutam por sobrevivência. Enquanto batalha para chegar a um lugar seguro e reencontrar sua família, Riddell se vê cada vez mais rodeado por caos, carnificina e uma horda terrível de humanos que foram reduzidos aos instintos mais básicos... mas que parecem estar começando a evoluir."
O dia 1º de outubro mudou a vida de Clay Riddell para sempre. Ele é um artista gráfico que está em Boston tentando negociar a publicação do projeto de sua vida, uma graphic novel. O homem está andando pelas ruas da cidade, feliz com uma notícia e querendo voltar para sua cidade natal, no Maine, para reencontrar a ex-esposa e o filho e tentar retomar as rédeas de sua vida.

Contudo, o que ele não esperava é que o Pulso acontecesse. De repente, todas as pessoas que estavam usando seus celulares naquele fatídico início de mês tiveram suas mentes apagadas e tornaram-se monstros violentos e sem escrúpulos. Clay observou um homem mastigar a orelha do próprio cachorro, assim como uma adolescente atacar uma senhora idosa.

No meio desse caos, o caminho de Clay cruza-se com o de Tom McCourt e os dois tentam encontrar um local seguro para se esconderem até entenderem o que está acontecendo. O local escolhido é o hotel onde Clay estava hospedado e é por lá que eles vão encontrar Alice, uma adolescente de quinze anos que presenciou a própria mãe tornar-se um monstro.

Esse improvável grupo, ao perceber que a ajuda não vai chegar, decide partir rumo ao desconhecido. Clay precisa a todo custo voltar para casa e saber o que aconteceu com sua família. Assim, os três enfrentam diversos perigos nas mãos dos fonáticos, como as criaturas passam a ser chamadas, e tentam encontrar um sentido em meio ao caos.

Querem saber o que vai acontecer? Então não deixem de ler!

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Stephen King tem uma característica marcante de pegar uma história que já é bastante conhecida e transformá-la em algo novo. Quem nunca leu ou assistiu um filme de zumbis na vida, que atire a primeira pedra. King não usou a definição de zumbi ao pé da letra para construir o enredo de Celular e acabou nos trazendo uma trama surpreendente.

A escrita de King nesse livro é uma das mais fluidas que já tive o prazer de encarar nessa minha breve experiência com as obras do autor. Peguei o livro para ler sem pretensão e quando percebi já estava na metade da leitura. Não sei se foi por ter visto o filme antes e estar bastante ansioso pelo livro, mas foi algo que funcionou muito bem. Finalizei a leitura em pouquíssimo tempo, o que, na minha condição atual, foi um recorde.

O livro é narrado em terceira pessoa, pela perspectiva de Clay. Ele é um personagem bem tranquilo, com um instinto protetor bem grande. Gostei dele, mas está longe de ser o meu favorito. Além disso, alguns pensamentos dele sobre Alice soaram bastante impróprios pra mim, tendo em vista que ela tem apenas 15 anos.

Falando em Alice, que personagem incrível! Ela e Tom, para mim, roubaram a cena do começo ao fim. Chegou um ponto que eu estava nem aí para Clay e só queria saber desses dois. Alice é feroz. Ela perdeu muito com o Pulso e se apegou a um Nike de criança, usando-o como talismã. Só que é difícil abalá-la, ela tem uma fúria dentro de si que é difícil de ignorar.

Tom é o mais calmo e focado do trio. Gostei da forma como King o retratou, sem forçar os esteriótipos de um gay de meia idade. Tom é aquele tipo de pessoa que você teria muita sorte de conhecer durante um apocalipse já que, muitas vezes, foi a voz da razão diante dos impulsos de seus colegas de equipe. Amei demais o personagem.

O que me impediu de dar nota máxima para o livro foi o desfecho. Senti que King se perdeu um pouco na construção do clímax, deixando a narrativa um tanto enfadonha. Pareceu que levei mais tempo para ler a última parte do que para ler o restante da obra. O que gostei foi do final ser diferente do filme, que pra mim, foi terrível.

A adaptação de Celular está disponível na Netflix sob o nome de Conexão Mortal. O filme é estrelado por grandes nomes do cinema, como John Cusack, Samuel L. Jackson e Isabelle Fuhrman. A história de King tinha um grande potencial para as telonas, mas o roteiro se perdeu e pareceu que o elenco de peso foi desperdiçado. Mas fiquei sabendo que a troca do final foi uma escolha do próprio King, então não podemos colocar toda a culpa na produção...

Celular é um livro intenso e impossível de largar, que vai mostrar o lado mais selvagem da humanidade e como a tecnologia pode distorcer toda uma realidade. É o quinto livro de Stephen King que leio e a cada dia estou mais encantado com seu talento. Deixo aqui minha recomendação a todos, pois vale muito a pena!

Celular - Stephen King
Editora Suma
384 páginas
Nota: 4

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