Sinopse: "Paul Sheldon descobriu três coisas quase simultaneamente, uns dez dias após emergir da nuvem escura. A primeira foi que Annie Wilkes tinha bastante analgésico. A segunda, que ela era viciada em analgésicos. A terceira foi que Annie Wilkes era perigosamente louca. Paul Sheldon é um famoso escritor reconhecido pela série de best-sellers protagonizados por Misery Chastain. No dia em que termina de escrever um novo manuscrito, decide sair para comemorar, apesar da forte nevasca. Após derrapar e sofrer um grave acidente de carro, Paul é resgatado pela enfermeira aposentada Annie Wilkes, que surge em seu caminho. A simpática senhora é também uma leitora voraz que se autointitula a fã número um do autor. No entanto, o desfecho do último livro com a personagem Misery desperta na enfermeira seu lado mais sádico e psicótico. Profundamente abalada, Annie o isola em um quarto e inicia uma série de torturas e ameaças, que só chegará ao fim quando ele reescrever a narrativa com o final que ela considera apropriado. Ferido e debilitado, em Misery – Louca obsessão, Paul Sheldon terá que usar toda a criatividade para salvar a própria vida e, talvez, escapar deste pesadelo."
O meu primeiro contato com Misery foi através da sinopse. Nem preciso dizer que me interessei na hora, não é mesmo? Sempre tive um gosto um tanto quanto peculiar para leitura, e qualquer livro envolvendo terror, suspense e/ou tortura já é figurinha garantida na minha estante.
Voltando à sinopse: o fato do personagem principal ser um autor de sucesso me chamou bastante a atenção e decididamente foi o fator principal que influenciou a minha decisão de ler esse livro do Tio King.
Misery foge completamente dos padrões que estamos acostumados quando se trata de Stephen King. Ele não utiliza elementos sobrenaturais no mesmo, o que o torna ainda mais macabro pois trata unicamente da natureza perversa, louca e inteiramente maldosa do ser humano.
Nessa obra somos apresentados à vida do aclamado autor de best-sellers Paul Sheldon. A obra mais conhecida de Paul é a série Misery Chastain, da onde o livro puxou seu nome.
Somos apresentados também a Annie Wilkes, uma leitora fanática e obcecada com os livros de Paul. Toda a trama começa quando Annie vai à cidade para comprar o ultimo volume de Misery e na volta para casa se depara com um acidente. E para a sua surpresa, e júbilo, a vítima é Paul, seu autor favorito. Nem preciso dizer que ela imediatamente o levou para casa, não é mesmo?
Após concluir a leitura do exemplar que havia comprado no dia do acidente e descobrir que Misery morre, Annie obriga Paul a escrever um livro totalmente novo, trazendo a personagem de volta a vida e satisfazendo todos os seus desejos quanto à história criada pelo mesmo.
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Stephen King leva a crueldade humana a um nível totalmente novo. Como Misery foi originalmente publicado em 1988, creio que deva ter sido um choque para a cultura da época a forma como King escreve sobre tortura e sobre o comportamento psicótico.
Annie Wilkes é uma pessoa completamente doente. Devo confessar que achei ela muito mais interessante que o próprio Paul. A personagem é imensamente bem construída e consegue nos prender com uma maestria que somente um vilão escrito por King consegue. Ela leva o fanatismo a um nível completamente novo e a falta de escrúpulos é totalmente assustadora.
Eu sempre gostei de vilões, mas é raro encontrar algum que realmente faça eu me arrepiar e que me cause medo. Annie decididamente está dentre esses seres raros. Até poderia compará-la com vilões clássicos e horripilantes, como Hannibal Lecter e Jean-Baptiste Grenouille, protagonistas de O Silêncio dos Inocentes e O Perfume, respectivamente.
Misery possui uma estrutura de escrita pouco comum. É dividido em três partes, cada uma contendo vários capítulos. Os capítulos por sua vez se alternam entre curtos e longos e um segue o outro sem nenhuma quebra de página. A forma de escrita de King é única e incrivelmente envolvente. Ele construiu uma narrativa em terceira pessoa que nos deixa simplesmente sem fôlego.
A diagramação da Editora Suma é um primor. Na história, a máquina de escrever que Annie dá para que Paul reescreva o último livro está com a letra N quebrada, sendo necessário escrever os n’s manualmente. Até nisso a editora pensou na hora de diagramar as passagens do livro de Paul, colocando pequenos n’s manuscritos em vez da típica letra de máquina de escrever. Fiquei simplesmente encantada com o cuidado que a editora teve para com a diagramação, e também com a revisão, que por sinal está impecável.
Stephen King realmente se consagrou o rei do terror para mim depois desse livro. Através dele, consegui perceber como não precisamos de elementos sobrenaturais para construir uma história aterrorizante e que abale o psicológico dos leitores.
E para completar a grandeza desse livro, em 1990 ele ganhou uma adaptação cinematográfica. E com ninguém menos que Kathy Bates interpretando Annie Wilkes! Não sei quanto a vocês, mas realmente adoro o trabalho da Kathy e acho que a mulher nasceu para fazer filmes de terror psicológico.
Misery não é um livro que eu indicaria para qualquer um. A temática é forte e pode assustar alguns pela brutalidade das cenas. Só leia se você tem uma mente deturpada como a minha e adora uma boa história de terror. Para finalizar por hoje, os deixo com uma citação, na esperança de assustá-los despertar a curiosidade de vocês a respeito dessa obra prima do terror.
"Ele se recostou, cobriu os olhos com o braço e tentou agarrar-se à raiva que sentia, pois a raiva o deixava valente. Um homem valente conseguia pensar. Um covarde, não."
Misery: Louca Obsessão - Stephen King
Editora Suma
Editora Suma
326 páginas
Nota: 5










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