Semana Cidades de Papel - Diferenças entre o livro e o filme - Dia 2

E aí pessoal, sejam bem-vindos ao segundo dia da Semana Especial Cidades de Papel. No post anterior eu fiz a resenha do filme, hoje vou comentar sobre as diferenças entre o longa e o livro.

Quando falamos de adaptações literárias, o nosso coração já bate mais forte. Alguns leitores ficam felizes da vida de poderem ver nas telonas a sua história favorita "materializada", enquanto outros, mais neuróticos e desconfiados como eu, ficam morrendo de medo de estragarem a obra original, a começar pela escolha do elenco, a caracterização dos personagens, cenário e, principalmente, enredo.

Como comentei no post de ontem, fui assistir a Cidades de Papel bem temerosa, mas tentei não criar expectativas para aproveitar a experiência cinematográfica do exemplar e, no fim, deu certo. Os roteiristas foram bem fieis ao livro, entretanto, pude perceber algumas modificações na história, tanto com a não inserção de ótimas cenas, quanto com outras que nem existiam originalmente e foram colocadas no filme.

Decidi, então, pontuar abaixo para vocês as diferenças que mais me chamaram atenção.

ATENÇÃO, ESTE POST CONTÉM SPOILERS DO LIVRO CIDADES DE PAPEL! 

SE VOCÊS AINDA NÃO LERAM O LIVRO, ACOMPANHEM A RESENHA QUE FIZ SOBRE ELE AQUI!!

FILME X LIVRO:
Margo Cidades de Papel John Green Cara Delevingne
* O lado B de Margo:

No livro, Margo é, sem dúvidas, a minha personagem favorita. Fiquei encantada e, ao mesmo tempo chocada, com seu comportamento meio bipolar, seus rompantes de raiva, sua complexidade de sentimentos e com o fato dela não parecer se importar, nem um pouquinho, com o que os outros pensavam dela. Margo era um ser livre, que vivia sumindo de tempos em tempos, para fazer algo que lhe dava na telha. Justamente por isso, as pessoas não se incomodavam mais em procurá-la. Já estavam saturadas do seu comportamento. A cada vez que fugia, Margo deixava pistas espalhadas para dizer que estava bem, mas, não necessariamente para ser encontrada. Tudo o que Margo mais queria era ir embora definitivamente. Já estava cansada de viver numa "cidade de papel", "brincando" de ser quem os outros queriam que ela fosse. Margo era tão misteriosa que nem os seus amigos mais íntimos a conheciam de verdade. Tanto é que, quando Quentin começou a fazer as suas buscas e a desvendar as pistas deixadas pela garota, também passou a descobrir um outro lado de Margo que ele não imaginava que existisse, deixando-o ainda mais fascinado.

Infelizmente, no filme, essas características da personagem não foram muito bem trabalhadas. Se eu não tivesse lido o livro, teria ficado com a impressão de me deparar com uma jovem anarquista, que gosta de aprontar, que é naturalmente rebelde e que é meio perdida na vida. Curiosamente, o longa também acabou atribuindo à Margo um jeitinho delicado, fofo e romântico que ela não tem. Por que fizeram isso? Não tenho ideia. Só sei que perderam a oportunidade de explorar uma personagem riquíssima, cheia de lições para nos ensinar, transformando a antagonista da história em uma mera coadjuvante.
Cidades de Papel John Green Cara Delevingne
* Invadindo o quarto de Quentin:

Quando Margo entra pela janela de Q, na calada da noite, ela está com o rosto todo pintado de preto, usando um moletom com capuz preto também, parecendo uma ninja. Não sei por que a Cara não pintou o rosto no filme, mas senti muita falta desse detalhe, já que ele representa perfeitamente o quanto Margo sempre se entregou por inteiro em tudo no qual acreditava, neste caso, suas 11 missões, e não 9, como dito no longa.

* Ligando para o pai de Becca:

Não entendo. Por que os roteiristas precisam mudar coisinhas tão pequenas, mas que no fundo parecem fazer diferença?? No livro, quem liga para o pai de Becca, avisando que a filha está transando no porão, é Quentin, e não Margo! E, particularmente, achei que ficou tão ridículo ver a Cara ligando e fazendo aquela voz besta, de "disfarce" :P

* Missão Karin:

Uma das missões que não aparece no filme é de Margo e Quentin indo levar flores na casa de Karin como um pedido de desculpas. Mas, afinal, quem é Karin? Pois é, vocês que só viram o filme não têm como saber, porque ela não foi acrescentada à trama. Então, ok, é compreensível que esta cena não exista no longa.

* Missão Sr. Worthington:

O mesmo acontece aqui, quando Margo vai até a casa de Jase e deixa um peixe para o pai dele, algo que não acontece nas telonas.

* Missão Lacey:

Esta mudança, para mim, foi simplesmente imperdoável! Gente, essa é uma das missões mais grotescas (vulgo, mais legais) que Margo faz no livro, e amenizaram ela totalmente no filme. Na obra de John Green, Margo arromba o carro de Lacey com um pedaço de arame que, um dia, já tinha sido um cabide, levanta o banco do motorista, com a ajuda de Q, larga um peixe embaixo, e solta o banco em cima dele, fazendo com que o peixe se exploda inteiro, fazendo voar tripas para todos os lados. Agora pensem em como o carro estaria no dia seguinte, depois de ficar horas no sol? Pois é. Não satisfeita, ele pede para Quentin desenhar um M no teto do veículo, sem estar envolto em um filme plástico, como no longa.
Filme Cidades de Papel John Green
* Missão SeaWorld:

Ainda não acredito que a dupla de ninjas não foi ao SeaWorld no filme!!! Será que não conseguiram autorização para filmar lá? E vocês devem estar se perguntando, por que o SeaWorld é tão importante? Primeiro, porque é quando acontece uma das cenas de maior aventura de todas as tarefas noturnas realizadas pelos amigos. Eles não só precisam atravessar um fosso fedido e enlameado para invadir o local, como Margo acaba sendo picada por uma cobra. É lá que Quentin, finalmente, compreende o espírito da missão e deixa de se preocupar tanto com as "regras da vida". E, por fim, é quando ambos resgatam a intimidade que tinham no passado e dançam à luz da lua, ao som de "Stars Fell on Alabama" e outras músicas foxtrot.

* Visita ao SunTrust:

Pelo fato de não terem incluído o SeaWorld na adaptação, acabaram por mesclar coisas que aconteceram lá, como a dança, por ex., com os takes gravados no Aspargão, como Quentin chama o prédio, no livro.

* A Minivan:

Quando assisti ao segundo trailer, tenho certeza de ter visto uma cena em que Quentin ganha uma Minivan dos seus pais, mas não sei por que tiraram ela do filme. A questão é que este momento existe no livro, e é praticamente uma piada negra de John Green

É a manhã do dia da formatura de Quentin no colégio e, finalmente, seus pais decidem lhe dar um carro de presente. Mas entre todos os modelos que eles podiam escolher, compraram uma Minivan, porque perceberam o quanto ele "adorava" dirigir a Minivan deles. O que eles não sabiam é que, nas últimas semanas, Q estava enlouquecidamente correndo atrás das pistas de Margo e, para isso, precisava da Minivan para ir de um local ao outro.. hehe.

* A festa na casa de Becca, a formatura e a viagem:

Em primeiro lugar, quando Quentin chega na festa, todos os seus amigos estão lá, e bêbados. Nem Radar escapa, ao contrário do que quiseram mostrar no filme, pintando-o como um menino responsável e santinho. Eles não viajam para Agloe logo após a festa, ou correm para chegarem a tempo para a formatura. Compreendo que, talvez, tenham feito essa escolha não só por uma questão de "continuidade", como também pela falta de tempo, responsável por, muitas vezes, alterar o rumo das histórias.

Por mais que o filme tenha tentado enfatizar o quanto a formatura era importante para os amigos, como sendo um ritual de encerramento de ciclo, o mesmo não ocorreu no livro, já que todos decidiram não participar da colação de grau, sem nenhum estresse, para botar o pé na estrada com Quentin. E, detalhe, Angela, namorada de Radar, não vai junto!

- Curiosidades:

Radar e Ben precisam de roupas novas, porque estão nus embaixo da beca de formatura que estão usando, e não porque Ben os molhou com xixi.

Ben faz xixi em duas garrafas de cerveja, que são esvaziadas janela afora do carro, e está toda hora querendo ir ao banheiro, mas sem motivo aparente, e não porque "bebeu todas na festa", como no filme.
Filme Cidades de Papel John Green
* O acidente de carro:

No livro, ele foi muito mais traumático do que no filme, que o retratou com uma pitada de comédia. Na obra, Ben entrou em pânico e ficou em estado de choque, enquanto Quentin começou a chorar, de tão adrenado que ficou. Depois de se acalmarem, eles em seguida seguiram viagem, e não ficaram aguardando o socorro.

* O final:

Logo que assisti ao filme, confesso que fiquei muito revoltada por terem modificado o final.  Minha briga não foi só por terem trocado os ambientes e inventado coisas novas, mas pelo tom que deram ao encontro de Margo e Quentin.

Para começo de conversa, eles encontram a Margo no celeiro abandonado em Agloe, e ela está irreconhecível, ou melhor, finalmente se despiu do papel que costumava interpretar, e isso choca os demais personagens. Margo é má, grossa e arredia com todos eles. Quentin e Margo brigam e berram várias verdades um na cara do outro. Senti muita falta dessas cenas no longa, que são tão intensas e significavas, já que são seguidas de momentos de reflexão quando cada um, finalmente, enxerga o outro como ele é na sua frente, transpondo às fantasias e preconceitos anteriormente criados.

O que não lembrava é que, depois disso, realmente existe um momento fofo e romântico no livro, como mostrado no longa, em que, inclusive, rola alguns beijos entre Margo e Quentin.

***

Mesmo com tantas diferenças, não pensem que criei esse post para criticar ou para menosprezar o filme. Nãooo! Eu gostei da adaptação, de verdade. Acho que a minha intenção ao fazer essa análise era perceber que, mesmo com tantas alterações, o filme ainda conseguiu manter a essência da obra original e foi cuidadoso para nos trazer o máximo de conteúdo, no menor tempo possível.

John Green super concorda com isso. Inclusive, ele não entende porque tantos leitores se prendem a esses detalhes e comenta que as pessoas costumam não dar valor às excelentes cenas que não existem no livro, mas que ele adoraria ter escrito.

Querem saber quais são elas? Então assistam à entrevista abaixo, realizada pelo site Adoro Cinema.



20 comentários

  1. Comecei a ler o livro mas não consegui terminar!
    Vou tentar voltar a leitura pra poder assistir ao filme!
    Muito boa sua resenha sobre a comparação!

    Eu ultimamente qd vou assistir a filmes que derivam de livros, tento ir o mais neutra possível pra poder valorizar o longa, mas em mts partes acabo com o clichê: 'no livro n era assim!' huhuhuhuhuhu


    Bjooooooos
    muitospedacinhosdemim.blogspot.com.br

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  2. Oi, depois de ler esse post e saber mais sobre a história fiquei muito interessada. Também sou bem criteriosa com adaptações cinematográficas de livros, sempre quando vou assistir fico analisando para saber se ficou tudo praticamente igual ou se foram mudadas muitas coisas. Não acredito que mudaram o final, sério??!! Odeio quando fazem isso, mas pelo que você falou até que ficou bem próximo do livro. Com certeza vou ter de ler e assistir Cidades de Papel. Bjus.

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  3. o filme sempre é esperado após o livro uns se assemelham outros não......

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  4. Eu quero muito ler esse livro <3mais ainda não tive oportunidade :(

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  5. Tive esta mesma impressão a respeito do final do filme, apesar de ter gostado muito da adaptação.

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  6. Oi Mi! Por serem os mesmo roteiristas de ACEDE eu imaginei que o filme seria bem fiel ao livro mas claro, o adaptando as telinhas. Pelo que ando vendo o pessoal tem gostado bastante e até já vi que o filme consegue superar a obra. Quero ver logo e tirar minhas conclusões!

    Beijos,
    Joi Cardoso
    Estante Diagonal

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  7. Mi,também tenho medo em adaptações de livros em filmes,temo por modificarem a obra original,que bom que gostou dessa apesar de algumas modificações,também acho chato terem mudado o temperamento de margo de meio que bipolar,para uma anarquista com jeito fofo e romântico,a Cara não pintou o rosto e o número de missões caíram de 11 para 9,achei que a ligação para o pai de Becca não ficou legal,Karin ficou fora do filma ,que triste...a de deixar um peixe também ficou de fora,paciência,Missão Seaworld também naufragou...enfim temos que nos conformar,o mesmo se deu com a minivan,Radar virou santinho,a história do xixi também teve modificações,o final então...,mas trata-se de uma adaptação e como sempre sabemos existem modificações,ainda bem que gostou.Beijos!!!

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  8. Mi, tenho MUITO medo de adaptações, aprendi a sentir esse medo nas adaptações dos livros de Nicholas Sparks, mas falando em John Green, adorei o filme ACEDE e acho que foi fiel ao livro na maioria dos aspectos. Como não li e não assisti Cidades de papel, não posso opinar, mas pelos comentários, acho que também foi fiel :)

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  9. Meu Deus realmente não posso ler tudo porque estou lendo o livro agora e ainda não assisti o filme...mas é maravilhoso dar cara aos personagens... <3

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  10. Olá Mi! Muito boa sua resenha sobre a comparação! Agradeço desde já Beijoos

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  11. Não vejo a hora de ver o filme!!

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  12. Este comentário foi removido pelo autor.

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  13. Nossaaa que resenha maravilhosa!!! Eu assisti o filme e super bateu as coisas referidas!! Eu ainda nao li o livro com a esperança de ganhar o livro um dia...

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  14. Pulei algumas partes do texto para não ter spoilers, mesmo após de ter assistido o filme, pois amigos falaram que há muitas coisas a mais no livro kkkkk (como sempre acontece, né?) Abraços.

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  15. Oi Mi xD

    Ah, fiquei realmente angustiado e triste ao saber que não trabalharam a personalidade tão forte e característica de Margô, o que me fazia ter um fascínio por ela. Ah, não, para tudo! Como assim não fizeram a cena no SeaWorld??! Chocado. Foi uma cena bem importante na minha opinião para as personagens, algo íntimo deles. Só conferindo eu mesmo para acreditar.
    Só temos mesmo é que aceitar, não é mesmo?!! Afinal, nenhuma obra tem uma adaptação 100% igual ao livro. Não foi das piores.
    Bjs.

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  16. Amei a adaptação do filme, muito vão discordar de mim rs mais gostei mais do filme do que do livro, as pessoas costumam ir ver achando que é a copia perfeita do livro, não, nunca é, ai fica meio difícil de aceitar enfim..

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  17. Só já li o livro ainda não assisti o filme, nossa a adaptação para o cinema ficou muito diferente do livro hem, bem que vi muita gente comentando isso, assim sendo fiquei ainda mais curiosa em conferi isso tudo, ótima essa entrevista do site Adoro Cinema.

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  18. Por mais que o filme seja uma adaptação do livro nunca vai ser igual, infelizmente, ja aceitei e superei isso

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  19. Como ainda não li o livro e não assisti o filme não li o post só as suas conclusões, mas pra mim é impossível assistir uma adaptação sem fazer analise entre livro e filme e ainda comento com quem está comigo... tá ficando difícil achar alguém para ver os filmes comigo..rsrs. Adorei saber que o filme continua com a essência do livro pelas resenhas que li a historia é maravilhosa...

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  20. Filmes são bons pois demonstra a diferença dos personagens que imaginamos dos reais e livors sâo perfeitos pois dispertão tudo de bom e nossas mentes .

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