Resenha - Desintegrados

Sinopse: "A Fragmentação tornou-se um grande negócio com poderosos interesses políticos e corporativos em jogo. O governo não quer apenas continuar com ela, como também expandi-la. Cam foi feito inteiramente com as melhores partes de fragmentados e, tecnicamente, ele é um garoto que não existe. Um verdadeiro Frankstein do futuro, que luta para encontrar sua identidade e se questiona se um ser como ele pode ter alma. Quando as ações de um sádico caçador de recompensas ameaçam a causa de Connor, Lev e Risa, o destino de um deles é ligado ao de Cam. A aguardada sequência de Fragmentados desafia a suposição de onde começa e termina a vida e o que realmente significa viver."

ALERTA! Esta resenha pode conter spoilers de Fragmentados. Leiam por sua conta e risco!

Starkey era um garoto da cegonha. Cresceu sabendo que havia sido indesejado e nunca conseguiu lidar com a rejeição. Não demorou muito para que se tornasse violento e propício à delinquência, motivos perfeitos para fazerem seus pais assinarem a sua ordem de fragmentação.

Depois de lutar, matar alguns Juvis e escapar, foi pego pela Resistência e levado ao Cemitério, local onde centenas de fugitivos eram mantidos até completarem 17 anos, idade esta em que estariam livres de sua sentença.

Lá ele conheceu Connor, o famoso Desertor de Akron, e ficou visivelmente decepcionado, pois seu herói, além de não estar morto como muitos pensavam, não era nada como ele tinha imaginado.

Connor havia substituído o Almirante na liderança dos íntegros, nome dado aos fragmentários que estavam sob os seus cuidados.

Se a vida de Connor já não estava fácil, tendo que administrar um bando de adolescentes problemáticos com cada vez menos recursos, e precisando lidar com a ameaça constante da invasão dos Juvis, tudo ficou ainda pior com a chegada de Starkey, que começou a organizar um motim às escondidas.

Miracolina era um dízimo. A garota havia sido concebida para salvar a vida do irmão, e seu propósito, após completar 13 anos, era ser devolvida a Deus como gratidão. Ela nunca teve problema algum com isso, pelo contrário, sentia-se orgulhosa de sua missão. Quando vieram lhe buscar, ela foi de muito bom grado, apesar do arrependimento visível por parte dos seus pais.

Porém, sua van foi interceptada na estrada e a jovem foi sequestrada, juntamente com outro dízimo. Os responsáveis por tais ataques foram novamente a Resistência, que diziam tê-la salvado. Miracolina ficou furiosa de não ter podido cumprir com as suas obrigações.

Aprisionada em uma mansão decrépita junto com muitos outros ex-dízimos, a menina foi encaminhada para aulas de desprogramação de lavagem cerebral, que não pareciam funcionar com ela, que seguia firme com seus ideais. Por conta disso, ela foi apresentada ao Lev, conhecido como um santo padroeiro, o dízimo que se transformou em batedor, mas que não bateu, aquele por quem ela passou a nutrir um ódio mortal.

Nelson era um ex-Juvi. Sua carreira foi arruinada por conta de um certo fragmentário que fugiu e ainda o nocauteou com a sua própria pistola de tranco. A partir daí, se tornou um traficante de desertores, levando-os para serem fragmentados no mercado negro. Tudo mudou quando ele descobriu que Connor ainda estava vivo, e a sua meta de vida se tornou capturá-lo.

Campus Comprix entrou para a história como o primeiro ser humano constituído de pedaços de fragmentados. Ele foi feito apenas com o que havia de melhor, e seus criadores estavam muito orgulhosos e tinham certeza de que ele seria o futuro da humanidade. Entretanto, nem todos concordavam com isso. A maioria o via como um Frankstein. Um monstro que nem deveria estar vivo.

Para mudar estes conceitos, a Cidadãos Próativos decidiram encontrar uma parceira para Cam. Foi quando o jovem viu a foto de uma adolescente por quem logo se apaixonou, e exigiu que a trouxessem para si. Ela era a Risa, a fragmentária que havia ficado paraplégica no atentado ao Campo de Colheita de Happy Jack.

Mal sabia Risa que seu destino e o de Cam iria se cruzar. Menos ainda que para manter seus amigos vivos ela teria que vender a sua alma ao diabo.

Querem saber o que vai acontecer? Então leiam.

***

Quem acompanha o Blog sabe que Fragmentados foi uma das distopias mais incríveis que já li até então. Justamente por ter sido tão perfeita, fiquei receosa sobre o que iria encontrar em sua continuação, e devo dizer que me senti meio "dividida".

Por mais que eu ache a escrita de Neal ótima, e ame as suas discussões políticas, religiosas, éticas e morais, devo dizer que achei a leitura de Desintegrados muito repetitiva e meio maçante em certos pontos.

Em nada ajudou o fato de ele ter criado tantos protagonistas. Menos ainda de ter demorado tanto para retornar aos pontos de vista já explorados, pois senti que algumas histórias ficaram em hiato, ou não tiveram a atenção merecida, e a colcha de retalhos que foi tão bem costurada no primeiro exemplar se embolou completamente nesse.

As únicas novidades que tivemos, além dos novos personagens que não agregaram em muito, na minha opinião, foram as breves revelações acerca da Guerra de Heartland e de como as fragmentações iniciaram. Afora isso, também presenciamos a discussão acerca de Cam, o ser humano completamente criado a partir de outros, mas foi uma pena ele ter ficado em segundo plano.

Por mais que eu não tenha conseguido me conectar completamente à trama, e tenha odiado Starkey, me entreguei por completo às cenas de ação, tensão e reviravoltas, que tornam Shusterman um mestre da escrita.

Um dos grandes diferenciais dos seus textos é o tom de alerta que ele traz nos fazendo refletir sobre o futuro da sociedade e sobre os erros que estamos cometendo hoje. Suas obras podem ser distópicas, mas assustam por serem tão plausíveis.

Com uma pegada eletrizante, cheio de acontecimentos assustadores e uma narrativa crítica, Desintegrados os fará temer por suas vidas.

Desintegrados - Neal Shusterman

Livro 02

Série Fragmentados

Editora Novo Conceito

416 páginas

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Nota 4