Entrevista - Autora Samantha Holtz fala sobre Quando o amor bater à sua porta

Entrevista - Autora Samantha Holtz fala sobre Quando o amor bater à sua porta
E aí pessoal, hoje, depois de muito tempo, voltamos com mais uma entrevista, dessa vez com uma autora nacional, a queridíssima Samantha Holtz.

Depois que li o seu mais novo lançamento, Quando o amor bater à sua porta, publicado pela Editora Arqueiro, fiquei com várias dúvidas na cabeça e não me contive, precisei ir perguntar a ela.

Confiram a íntegra da entrevista abaixo e não deixem de ler a resenha que eu fiz sobre a obra AQUI.

MC: Samantha, de onde surgiu a ideia para escrever Quando o amor bater à sua porta?

SH: Em primeiro lugar, querida, obrigada pelo convite para a entrevista! ❤ Sobre o livro: a primeira “semente” da ideia aconteceu de forma bastante inusitada! Eu estava com minha irmã arrumando a cozinha da minha mãe, desabafando sobre as desilusões com o mundo masculino (quem nunca? Rs) e comentei: “Sabe o que seria perfeito? Se eu pudesse tirar um personagem meu dos livros e fazê-lo aparecer na vida real...”. Naquele momento, nós duas nos olhamos admiradas e percebemos que seria uma boa premissa, e começamos a discutir que caminhos uma história daquelas poderia tomar – a “aparição” do personagem trilhar por um caminho de fantasia, do homem na vida real ser de fato o personagem concretizado, ou se seguiria um rumo mais realista, com algumas pequenas conexões e coincidências, mas nada mágico. Digo que foi engraçado porque esse nem é o ponto central da história, mas foi em torno dele que as demais ideias se reuniram, no final das contas! O que restou daquela primeira sementinha foi a coincidência dos nomes do personagem em que Malu está trabalhando no livro dela com o do estranho que bate à sua porta...

MC: É sabido que todos os autores emprestam um pouco de si (características, personalidade, traumas, sonhos) para os seus personagens. Nos conte, o quanto Malu tem de você?

SH: Ah... Malu e eu passamos por tantas metamorfoses juntas! Desde que criei a primeira versão da história, aprendi a moldar Malu para que ela estivesse mais preparada para ser acolhida pelo público (pode ver que é comum muita gente “odiá-la” nos primeiros capítulos, mas passar a amá-la depois de entender a profundidade da sua história pessoal). Ao mesmo tempo, eu era uma pessoa quando escrevi a primeira versão, e foi outra Samanta que trabalhou as últimas revisões e edições antes da publicação. A Samanta de antes não se achava parecida com Malu em nada além do fato de ambas serem escritoras. A Samanta de depois, mais madura e mais forte após algumas vivências e aprendizados, já encontrava mais conexões. Eu também passei decepções que ameaçaram fechar as portas do meu coração e, no processo de mudanças que vivi, uma imensa coincidência (que eu não previa) foi eu acabar cortando os cabelos que sempre mantive compridos, algo que Malu conta ter feito logo no início da história. Quando percebi essa coincidência acidental, fiquei mais atenta para entender o que a Malu tinha a me ensinar, e de fato ela e Luiz Otávio foram grandes companheiros e mentores enquanto “trabalhamos juntos”! Eu seria incapaz de tratar as pessoas com a frieza com a qual Malu tratava a todos, no início do livro, mas admirava a força dela, aquela aura de mulher poderosa, e comecei a buscar um pouco mais disso em mim mesma.

MC: Como é a Samantha escritora? Você escreve as suas histórias como a Malu, utilizando as técnicas de escrita de maneira bem pragmática, ou como a Rosa, que é extremamente passional e nem sempre sabe para onde está indo?

SH: Eu me divido bastante entre Malu e a Rosa... quando crio os personagens e o roteiro da história, sou mais Malu. Penso nos pontos de virada da história, em como vou emocionar o leitor, como vou mantê-lo grudado no livro até o final. Aí vem a Rosa e traz todas as ideias apaixonantes! Enquanto escrevo, sou 100% Rosa. Despejo meu coração em cada frase, em cada página, ouço minha alma sussurrar e a transporto para o papel. Eu já sei o esquema da história, sei onde estou e para onde vou, agora preciso fazer aquilo com paixão pois, se eu não me emocionar escrevendo, o leitor não se emocionará lendo. Se eu não me apaixonar criando, o leitor não se apaixonará com meus personagens, não se envolverá. E eu não gosto de proporcionar apenas um passatempo, quero alcançar o coração dos leitores... para isso, preciso, antes, entregar o meu. Aí, quando concluo a primeira versão, nas revisões e na preparação do texto para a publicação, equilibro a Malu e a Rosa. Busco diminuir minha relação emocional com o texto para estar mais aberta a sugestões, a mudanças, a cortar cenas pelas quais muitas vezes eu poderia estar apaixonada, mas preciso entender a verdadeira função e necessidade dela ali. Ao mesmo tempo, não posso fazer mudanças muito objetivas e frias, ou posso cortar a carga de emoção que a Rosa havia colocado ali. É meio louco de se pensar, mas a divisão é mais ou menos assim! :)

MC: Uma das coisas que mais me chamou atenção no seu texto foi o fato de você ter exposto o quanto a vida de escritor não é fácil. Quais foram os maiores desafios que você enfrentou até hoje e como você consegue conciliar a sua rotina profissional com a pessoal?

SH: Creio que uma das principais dificuldades é chegar ao ponto de dizer: “pronto. Posso viver 100% da carreira de escritor”, largar todas as outras fontes de renda e se dedicar inteiramente a isso. Eu tomei essa decisão recentemente, mas apostando na força das sementes que estou lançando para colher a médio prazo... não que eu já tenha total segurança e estabilidade para viver disso no momento atual. Ainda tenho muito a caminhar, e confio no que estou fazendo! Quanto às dificuldades que aparecem no livro, uma semelhante que enfrentei foi o prazo apertado para devolver cada versão do texto revisado à editora. Foram 3 ou 4 releituras entre copidesque, preparação, revisão gramatical, leitura final... eu, perfeccionista que sou, lia o texto completo que recebia em todas as etapas, apesar dos prazos curtos. Sugestões e mudanças apareciam o tempo todo, estávamos sempre discutindo pontos e detalhes de cada parte da história e, às vezes, eu precisava reescrever cenas inteiras e criar novas conexões em tempo recorde. Foram várias noites sem dormir! (risos) Mas valeu demais a pena. E, assim como a Malu, eu também recebi sugestões de mudanças com as quais não concordava inteiramente, mas conversei bem com a editora e chegamos a consensos em todas elas. Essa parte do trabalho exige muita inteligência emocional por parte do escritor, para que ele não seja teimoso em insistir em detalhes realmente inúteis aos quais se apegou, mas também para que saiba defender pontos realmente importantes, sabendo mostrar à editora a força potencial daquilo e, se necessário, trabalhando melhor aquele ponto para despertar sua verdadeira função. Quanto a conciliar a rotina, em meu caso, elas praticamente se fundem. Eu não tenho hora para começar a trabalhar e para parar... se navego nas redes sociais, todas elas dizem respeito a meu trabalho, então estou sempre em contato com os leitores (o que eu amo!), recebendo e respondendo a feedbacks, divulgando novidades... Se leio um livro, leio com olhos atentos para aprender algo que não sei ou não domino... Se abro a caixa de e-mails, os assuntos também são sempre referentes a livros, eventos, divulgações etc. O tempo que levo para ler e responder tudo o que recebo, nos e-mails e redes sociais, é muito grande. Eu realmente precisarei, assim que possível, providenciar ajuda para esse gerenciamento. Aí vem o blog, canal no Youtube, Snapchat, redes para alimentarmos constantemente. O tempo para de fato sentar-me e escrever é muito curto, e não é raro que só sobre a noite para eu fazer isso – e é até mais propício porque a casa está mais tranquila, mais silenciosa, não tem telefone e campainha tocando o tempo todo... Ou seja! Não há hora para começar nem para terminar! (risos)

MC: Você já passou por situações difíceis como não conseguir entregar um livro no prazo, ou ter o final rejeitado sendo obrigada a reescrevê-lo, ou alguma outra pendenga comum no mundo editorial do qual não temos ideia? Se sim, poderia nos contar e nos dizer como lidou com a questão? 

SH: Um dos meus primeiros desafios nesse sentido foi quando a Novo Século pediu que eu reduzisse o livro “Quero Ser Beth Levitt” (que realmente estava muito grande... ainda maior do que já é! Rs). Mesmo após várias e várias releituras das revisões, precisei fazer mais uma, cortando cenas e encurtando passagens, e consegui eliminar 60 páginas ao todo. Depois, claro, reli tudo de novo para ver se continuava tudo encaixado. Em “Quando o amor bater à sua porta”, chegou a ser discutida a possibilidade do Luiz Otávio ter ou não o mesmo nome que o personagem do livro da Malu. Ouvi os argumentos da editora e aceitei mudar o nome do personagem da Malu – ou seja, essa coincidência não existiria mais e o desenrolar dos fatos se daria de outro modo. Porém, quando minhas betas leram a versão revisada da história, ainda na época da produção pré-publicação, elas se revoltaram com essa mudança, e eu voltei a abordar o tema com a editora. Conversamos, eles discutiram entre si também e resolvemos voltar à coincidência original. Eu fiquei aliviada, porque aquela também era minha preferência pessoal, apenas concordei com a argumentação da editora sobre isso. Mas, quando vi a reação das betas (que conheciam a versão inicial da história), percebi que era algo que realmente valia a pena ser defendido.

MC: Este é o primeiro livro seu que tenho a oportunidade de ler, por isso gostaria de saber, essa coisa de criar personagens com nomes compostos é uma marca registrada sua, ou foi algo elaborado apenas para essa trama?

SH: Foi neste livro apenas! É uma mania da Malu, na verdade, que acaba transparecendo ao leitor, pois nomes compostos já faziam parte da história pessoal dela – o nome dela, dos personagens que ela cria, da pessoa que a feriu no passado... Não posso falar muito para não soltar spoilers, mas o uso compulsivo de nomes compostos nos personagens dela diz respeito até mesmo às questões mal resolvidas dentro de si. Foi de caso pensado, mas só neste livro! (risos) 

MC: O Retiro Ashram realmente existe? Por favor, diga que sim e nos conte onde de fato fica!

SH: Ahhhhhh, é apaixonante, não é? Pois tenho uma boa e uma má notícia. A má é que ele não existe, foi inventado por mim... e a boa é que ele é fortemente inspirado em um lugar real! Não é uma réplica fiel, mas uma reprodução adaptada por minha imaginação. Ainda vou criar um post em meu blog, mas já antecipo aqui para vocês: em São Bento do Sapucaí (SP), existe um local chamado Fazenda Lila, onde acontecem retiros, especialmente de Yoga. O lugar é fantástico e fica na Serra da Mantiqueira, bem isolado após quilômetros intermináveis de estrada de terra (assim como Malu e Luiz Otávio enfrentaram!). A vista do horizonte, com todas aquelas montanhas, é estonteante! E, assim como no livro, lá também é administrado por uma família bem tradicional, que ainda segue os costumes do seu povo e da sua religião, e foi com eles que aprendi parte do Ritual do Fogo e alguns dos costumes que retrato, além de outros que pesquisei. Lá também tem o centro de prática de yoga no topo de uma colina, a alimentação natural e sem violência com o que é produzido no local... o resto ficou por conta da minha imaginação!

MC: Parafraseando a jornalista enxerida da história (hehe), para Samantha Holtz, o que é o amor?

SH: Hahaha! Ah, é tão fácil e, ao mesmo tempo, tão complexo explicar o amor... penso que o amor é o sorriso espontâneo que brota nos lábios quando vemos alguém que queremos bem. A vontade de estar juntos sem fazer esforço, apenas porque estar ali parece certo. É a vontade louca de ver alguém feliz e, se ela está sofrendo, chegar a desejar que nós estivéssemos sofrendo em seu lugar. Penso que, quanto mais a gente precisar pensar ou se esforçar para decifrar um sentimento, menos ele se parece com amor. Porque o amor está na simplicidade, na facilidade de ser sentido e vivido. Quando as coisas complicam, é porque existem outros sentimentos se misturando ali, como ciúme, obsessão, posse... e é preciso arrancá-los, como se fossem ervas daninhas, para que o amor reine puro e inteiro como ele é! ❤

MC: Você já tem planos para o futuro? Se sim, pode nos contar um pouco?

SH: Já estou trabalhando em novas ideias e, assim que fechar todas as pontas e montar os roteiros, vou colocar em discussão com a editora para traçarmos os próximos trabalhos. Também tenho originais prontos ainda não publicados, mas que talvez precisem esperar um pouco porque fogem um pouco do gênero que já escrevo, o romance romântico... mas penso em lançar sim, a longo prazo! Do restante, o que está fora do meu alcance mas em minhas orações, quero muito poder ver meus filmes ganharem as telas de cinema! Tenho fé de que vai, sim, acontecer!

MC: Deixe um recadinho para os leitores do Recanto da Mi. 

SH: Meus queridos, obrigada pelo carinho que me enviam todos os dias nos eventos ou pela internet, através do e-mail e das redes sociais! Vocês não imaginam como faz a diferença em meu trabalho, para me manter confiante e motivada todos os dias... Para os que conheceram hoje meu trabalho, desejo que possam abrir as portas do coração para minhas histórias, e que se apaixonem por elas! ❤ E a você, querida Mi, novamente agradeço pelo convite a essa deliciosa entrevista e o carinho com o qual cada pergunta foi formulada! Você é uma querida :) Beijo enormeeeee!

***

Fala sério, gente, tem como não se apaixonar ainda mais por essa autora depois de ler suas respostas, tão atenciosas e sinceras? Agradeço demais pelo carinho e pela receptividade e te desejo muito sucesso e inspiração, Sam!

Para quem ficou doidinho para ler o novo livro da Sam, tenho uma super novidade para vocês! Quando o amor bater à sua porta está sendo sorteado no Desafio Esquecidos na Estante de Outubro! Se eu fosse vocês não perdia a oportunidade.


E para quem já tem o exemplar e quer ler num clima romântico, confiram a playlist de Malu e Luiz Otávio que a Editora disponibilizou para vocês AQUI.

Espero que vocês tenham gostado de mais esse bate-papo.

Beijos, Mi

5 comentários

  1. Nossa, que bacana essa entrevista.
    A autora tem cara de super simpática.
    Muito bom saber um pouquinho mais sobre a criação do livro e sobre ela.
    Adoraria conhecer ela pessoalmente :)
    Quero muito ler a obra, parece ser uma leitura e tanto.
    Quando começaram as divulgações já coloquei na minha listinha de desejados rs
    Adorei a entrevista e espero conhecer em breve a escrita da autora.
    Beijos,
    Caroline Garcia

    ResponderExcluir
  2. Oi Mirelle!

    Gente, como eu amo a Samanta! Ela é uma pessoa incrível neh? Já li seus 4 livros e sempre me surpreendo. Postei a resenha de Quando o amor bater à sua porta nessa semana no blog!
    Adorei a entrevista! Foi muito bom saber um pouco mais dessa história linda!

    Bjo bjo^^

    ResponderExcluir
  3. Olá!
    Que linda essa entrevista! Ainda não tive o prazer de ler nada da autora, mas estou ansiosa para ler Quando o Amor Bater à sua Porta. A premissa é encantadora e a capa linda. E espero poder ler os outros livros da autora, também. Obrigada. Beijos.

    ResponderExcluir
  4. Querida Mi,

    Que delícia saber que gostou das minhas respostas!! <3 Realmente me empenhei para dar a você e aos leitores do seu blog minhas respostas mais sinceras e detalhadas, pois vocês merecem toda a minha atenção e carinho :)

    Beijo enorme e cada dia mais sucesso ao blog!!! Obrigada pelo carinho de sempre!

    Sam :*

    ResponderExcluir
  5. Que legal!!
    Adorei conhecer mais da Sam!!
    E sempre muito atenciosa e carinhosa =)
    bjss, parabéns pela entrevista!

    ResponderExcluir