Vamos debater - Projeto Esqueça um Livro

Olá pessoal, vocês já ouviram falar sobre o Projeto Esqueça um Livro? Recebi recentemente um email do Felipe Brandão divulgando o projeto e simplesmente fiquei encantada.

"Já faz algum tempo que o paulista Felipe Brandão anda cercado por livros, pessoal e profissionalmente. Por dois anos trabalhou em uma grande rede de livrarias e atualmente trabalha na área de marketing de uma editora de best-sellers. Em abril, percebeu que a estante de sua casa estava novamente cheia de títulos já lidos. Ao invés de comprar outro móvel para acumular mais livros, vender as edições em um sebo ou negociá-las em um site de trocas, optou pelo desapego, abandonando os livros pela cidade. Nasceu assim o projeto “Esqueça um Livro”. “A ideia é inspirada no conceito de BookCrossing, criado nos EUA no começo dos anos 2000”, explica. Combinando leitura e urbanidade, o conceito convida os leitores a deixar um livro em local público, para que outra pessoa o encontre, o leia, e volte a abandoná-lo, ampliando assim o acesso à leitura. Há diferentes versões do BookCrossing espalhadas por cidades do Brasil e do mundo. A base do “Esqueça um livro” é uma fanpage no Facebook. Nela, Felipe posta as fotos dos livros “esquecidos” por São Paulo, acompanhadas de uma breve sinopse e da indicação do local onde a edição foi deixada. “Sobre a Brevidade da Vida”, de Sêneca, foi o primeiro livro a ser abandonado no projeto, em 4 de abril,  numa janela cercada de plantas próximo à estação Marechal Deodoro do Metrô.  De lá pra cá, vários amigos e entusiastas passaram a colaborar com o projeto, “esquecendo” livros por São Paulo. Simples na teoria e na prática, o projeto não tem maiores intenções além de espalhar livros e difundir a leitura na cidade. “Quero que os livros cheguem até pessoas que não teriam condições de comprá-los”, deseja Brandão." Fonte.

Eu sei que esse assunto é muito polêmico e que divide a opinião de muitos leitores. Enquanto alguns entusiastas aderem ao projeto no intuito de ajudarem a disseminar o hábito e o acesso à leitura no nosso país, e ao exercício do desapego, outros não conseguem nem pensar na ideia de se desfazerem dos seus "preciosos".

Têm leitores que não admitem nem emprestar seus livros, porque no fundo sabem, correm um grande risco de nunca tê-los de volta, ou então de recebê-los seriamente avariados, já que ninguém cuida melhor dos nossos livros do que nós mesmos, certo?

Mas afinal, o que nos faz ser tão apegados a algo? De que adianta ter uma estante cheia de livros parados, muitas vezes nem lidos e que no final das contas cumprem apenas o papel de serem um item decorativo? Por que manter um livro guardado e fechado enquanto muitos poderiam lê-lo e compartilhar da alegria de conhecer uma nova história, viver uma nova aventura?

Ok, antes que me trucidem, eu entendo. É lindo ter uma estante cheia de livros coloridos decorando a nossa casa. É ótimo ter os livros que amamos ao alcance das nossas mãos, podendo ser lidos na hora em que quisermos. Pagamos fortunas pelos livros que compramos e eles são nossos e temos o total direito de ficarmos com eles e ninguém tem nada a ver com isso, né? Mas qual o propósito disso? Por que aprisioná-los fadando-os ao esquecimento?

A impressão que tenho é que aprendemos a ser assim desde criança. Aprendemos a cultuar o "meu" ao invés do "nosso". "Minha mãe", "meu brinquedo", "meu amigo", "meu namorado", "meu carro novo", "minha casa" e, como não poderia ser diferente, "meu livro".

E se cada um de nós fosse capaz de esquecer pelo menos um livro em algum lugar pela cidade, não ia ser o máximo? Imaginem a situação ao contrário. Imaginem estarem caminhando por aí quando dão de cara com um livro, olhando para vocês, perdido e sozinho, pedindo para ser levado para casa. Não ia ser o máximo? Eu ia me sentir como se tivesse tirado a sorte grande, afinal, um livro é o melhor presente que posso ganhar de alguém.

Faz um tempo que tinha ouvido falar de um projeto parecido em Porto Alegre e juro que tentei participar. Peguei um livro da minha estante, escrevi um cartãozinho e coloquei dentro dele e saí com ele por aí decidida a esquecê-lo no ônibus, mas eu não consegui!! Sim, por isso eu digo, eu entendo vocês, porque sou consumida pelos sentimentos contraditórios que existem dentro de mim: apego x desapego.

Mas na verdade nesse caso em específico eu não quis abandoná-lo por outros receios. Tive medo de que alguém me chamasse dizendo que eu havia esquecido meu livro (e como explicar para a pessoa que a intenção seria essa? Iam me achar uma louca), tive medo de que ninguém achasse o livro, ou de que o achassem e o jogassem no lixo, ou de que não o lessem, ou de que o lessem e não gostassem e o jogassem no lixo, ou de que simplesmente não entendessem o propósito do meu ato. Se eu pelo menos tivesse certeza de que quem fosse pegá-lo é alguém que ama livros tanto quanto eu, certamente esqueceria um livro por aí sem nenhum medo.

Enquanto isso, tomo atitudes mais prudentes, empresto meus livros para quem eu sei que vai lê-los e que não pode comprá-los. Tenho uma amiga em São Paulo, a Kelly, que por muitas vezes vinha para Porto Alegre e me trazia uma sacola de livros dela para eu ler e levava outra sacola de livros meus, e quando ela voltava, destrocávamos os livros e o processo se repetia. Por causa disso pude ler e conhecer inúmeros livros que talvez nunca teria tido a oportunidade de ler.

Fiz muito disso com outra amiga também, a Etiane, que tinha uma estante repleta de livros enquanto eu não tinha praticamente nenhum. Foi uma das minhas fases mais felizes como leitora. Ficava ávida para ler cada livrinho que ela me trazia e foi assim que eu li O Guardião de Memórias e A Menina que Roubava Livros (dois dos livros que mais amo), por exemplo, e por causa disso, serei sempre grata a ela e as pessoas desprendidas que emprestam seus livros para os outros.

Bom, como disse, esse assunto dá pano para manga, mas o Projeto está aí, apresentado para vocês, e a ideia foi dada. Confiram o vídeo abaixo e vejam a entrevista feita com Felipe Brandão

Aproveitem para também acessar a Fan Page do Projeto Esqueça um Livro e descubram onde vocês podem encontrar livros esquecidos pela cidade de São Paulo.


E aí, vamos debater? O que acharam dessa ideia?

Beijos

24 comentários

  1. Eu fico com medo de deixar o livro num lugar e ninguém pegar, depois chover e acabar estragando algo que eu amo tanto. Por isso os livros que não tenho mais intenção de ler ou que não gostei muito acabam sendo doados para bibliotecas (da faculdade ou da pública mesmo). Acho que isso é mais interessante.
    A outra forma que tenho de disseminar a leitura, além do blog, é emprestar para pessoas que conheço e que sei que vão cuidar do meu livro como eu cuido. Então te entendo perfeitamente. :)
    Beijos.

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    1. Oi Babi, tenho os mesmos receios que você. Os livros que não quis mais doei para o Mensageiro da Caridade que dá um fim apropriado a eles. Também empresto os livros para quem sei que cuida, com o maior prazer. Adoro dividir um pouquinho do meu mundo mágico com os outros. Beijos

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  2. Adoreiii o projeto, acho isso muto legal o que ele ta fazendo.


    (www.lerparaesclarecer.blogspot.com da uma comentada lá)

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    1. Oi Gustavo, eu também achei essa iniciativa ótima! Beijos

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  3. Oi Mirelle, td bem? Ai vou confessar, sou uma pessoa apegada rsrs principalmente aos meus livros...Sou bem sincera, NÃO GOSTO de emprestar livros. Por vários motivos que você descreveu e deve saber muito bem, por exemplo tenho alguns emprestados e até agora não foram devolvidos e eu fico p da vida... Inclusive o livro da minha vida " A RESPOSTA"...eu penso que a iniciativa de deixar um livro num lugar qualquer é bacana sim, mas não sei, brasileiro é muito "cru" para leitura. Talvez esteja errada, mas só de pensar em deixar um livro meu com alguem que simplesmente vai deixá-lo em qquer canto, naõ me agrada..Bjinhos sandra

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    1. Oi Sandra, te entendo perfeitamente, esse é um tema realmente delicado e polêmico. Mas a ideia do projeto é ótima e devemos fazer de um tudo para ajudar no incentivo à leitura. Beijos

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  4. Oi Mi,
    Eu sou apegada com meus livros, só empresto para pessoas que sei que cuidarão deles. É difícil esquecer um livro, só se fosse um que eu não curti muito, mas admiro quem consegue. É uma iniciativa interessante.
    bjs

    http://entrepaginasesonhos.blogspot.com.br/

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    1. Oi Joyce, eu não consegui esquecer nem um que eu não curti.. kkk que vergonha. Te entendo perfeitamente. Beijos

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  5. Mi, desde o começo do ano eu tenho na minha lista de coisas pra fazer em 2013 o íten "Deixar um livro num banco de praça" e agora graças ao seu post eu descobri esse projeto. Adorei, né. Vou escolher o meu livro e "esquecer" ele. Gostei tanto do projeto que quero fazer um post sobre ele, posso? Não se preocupa que eu vou dizer que vi ele aqui no seu blog. (:
    Beijos, Paradise.

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    1. Que legal Raquel, fico feliz em saber que ajudei! Espero que dê tudo certo na sua empreitada e que alguém bem bacana encontre seu livro. Beijos

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  6. Oi Mirelle! Pra falar a verdade eu acho o projeto bem legal, mas confesso que eu acho que não teria coragem de fazer isso não, rsrs. Todos os motivos que você enumerou eu assino embaixo, mas no meu caso o que iria mais pesar seria o tal do "apego"; sou apegado demais aos meus livros e a conquista de cada um pra mim é uma alegria e uma vitória. De todo jeito parabéns ao cara pela iniciativa dele.

    www.cabanadoslivros.com.br

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    1. Oi Jean, entendo perfeitamente.. hehe realmente não é algo fácil, nem para mim! Mas um dia quero conseguir cumprir essa meta.. quem sabe, né? Beijos, Mi

      www.recantodami.com

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  7. Acho esse projeto tão lindo! Mas, assim como quase todos, haha, eu também tenho um receio de fazer isso, além de - óbvio - ser muito apegada a eles. Eu sinceramente não sei se o faria antes de encontrar um livro "esquecido", sabe? Daí eu seria uma prova que, sim, isso pode dar certo. Então eu faria! Espero que eu vá mudando isso com o tempo, é uma iniciativa linda!
    Bom fim de semana, Mirelle!
    http://literallypitseleh.blogspot.com.br/

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    1. Oie! Entendo você perfeitamente.. acho que também se encontrasse um livro esquecido por aí, tudo ficaria mais real e concreto.. mas alguém tem que dar o primeiro passo né?! hehe Também acho essa iniciativa maravilhosa. Espero que continue dando certo, ainda mais no Brasil, um país tão carente por cultura. Beijos

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  8. Oi Mi :)
    Eu acho esse projeto super válido, mas ainda tenho um pé atrás... Por exemplo: Aqui na minha cidade nem livraria tem, a galera não tem o hábito de ler, sabe? Então eu sei que se deixar o livro em algum lugar público ele vai se acabar com o tempo, e não estou falando isso no sentido positivo da coisa.
    Ainda prefiro partilhar a cultura emprestando meus livros aos amigos e não amigos, por vezes acabo perdendo muitos, mas penso pelo lado positivo, alguém deve estar se deliciando com as histórias.

    Beijocas,
    http://www.segredosentreamigas.com.br/

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    1. Hum, entendo Bah, assim é realmente complicado.. Pelo menos você empresta, o que já é grande coisa, porque tem gente que nem isso faz. Beijos

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  9. Ai esta algo que eu jamais conseguiria fazer. Para mim, meus livros são mais do que algo que eu compro, leio e deixo na estante. Principalmente porque eu releio muito (Como Harry Potter, por exemplo, já li 19 vezes cada livro). Se não gosto mesmo de um livro, eu troco, mas isso aconteceu pouquíssimas vezes. Mas os livros que gosto, não troco, dou nem vendo. E também não empresto meus livros, a nao ser para alguns poucos amigos que sei que cuidarão bem dos meus livros.
    Podem julgar, mas essa sou eu.

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    1. Oi Fran, nossa, você já releu 19 vezes o HP?! Uau, que fôlego. Não sei se conseguiria reler um livro nessa intensidade, mas entendo você.. hehe Ninguém tem o direito de julgá-la. É compreensível a sua atitude, pois tendemos a ser possessivos com as coisas que amamos. Mas pelo menos você ainda empresta seus livros, nem que seja para um grupo seleto. Isso já é muito bom. Beijos

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  10. Oi Mi! Sou apegada aos meus livros, mas admiro muito o projeto do Felipe! É sim uma bela iniciativa e quem sabe um dia eu fique assim tão evoluída. Ele anda conhecendo muita gente e vi vários depoimentos bacana de quem encontrou os livros.

    Bjos!!
    Cida
    Moonlight Books

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    1. Oi Cida, pois é, também espero conseguir um dia ser tão desapegada quanto o Felipe, pois esse projeto é sim uma bela iniciativa. Beijos

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  11. Palmas para sua declaração! Concordo plenamente mas não adianta, eu não vou desapegar deles, nunca! Nem os livros que eu não gosto muito eu consigo pensar em passar pra frente. Nem emprestar consigo. A única pessoa que confio meus livros é a minha BFF, ela entende o que é ter um livro novo estragado ou usado como agenda pela mãe kkk. Eu achei a ideia do projeto extremamente interessante e confesso que fiquei com uma vontadezinha de participar, na verdade uma grande vontade mas que livro eu colocaria lá? Acho que eu ia me esconder atrás de uma árvore e ficar filmando e olhando até alguém levar! Sou paranoica.
    Parabéns ao Felipe por essa bela iniciativa!

    Beijos, Greice.

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    1. Não, para tudo!! Como assim, a sua mãe estragou um livro seu? Tá brincando que ela rabiscou nele compromissos? Não sei se rio ou se choro.. kk tá bom, vou rir..kkkkk desculpa!! Ai, eu também acho que ficaria escondida esperando alguém levar, só para ter certeza de que ele não ficou ao relento ou a ver navios. Mas era bem capaz de eu interpelar a pessoa e pedir o livro de volta.. kkkk #alouca. Beijos

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  12. É muito legal a iniciativa, só que eu não conseguiria me desapegar de nenhum dos meus preciosos, pois quando bate aquela saudade eu corro para ler eles, eu sei que tenho que mudar isso, pois existem outras pessoas que adorariam ler esses livros, mas por enquanto para mim não dá.

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    1. Mas de repente você pode começar emprestando. Já é um grande incentivo à leitura. Beijos

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