Resenha - Até que a Culpa nos Separe

Sinopse: "Amigas de infância, Erika e Clementine não poderiam ser mais diferentes. Erika é obsessivo-compulsiva. Ela e o marido são contadores e não têm filhos. Já a completamente desorganizada Clementine é violoncelista, casada e mãe de duas adoráveis meninas. Certo dia, as duas famílias são inesperadamente convidadas para um churrasco de domingo na casa dos vizinhos de Erika, que são ricos e extravagantes. Durante o que deveria ser uma tarde comum, com bebidas, comidas e uma animada conversa, um acontecimento assustador vai afetar profundamente a vida de todos, forçando-os a examinar de perto suas escolhas — não daquele dia, mas da vida inteira. Em Até que a culpa nos separe, Liane Moriarty mostra como a culpa é capaz de expor as fragilidades que existem mesmo nos relacionamentos estáveis, como as palavras podem ser mais poderosas que as ações e como dificilmente percebemos, antes que seja tarde demais, que nossa vida comum era, na realidade, extraordinária."
E aí pessoal, aqui é o Leo e hoje trago para vocês mais uma resenha dupla, dessa vez com a Dreeh, que estará representando o Blog Mais que Livros. O legal dessas resenhas é que, na parte da crítica, vocês podem encontrar a opinião de nós dois sobre o que achamos do livro. Espero que gostem!

Duas amigas de infância com um relacionamento, no mínimo, peculiar. Clementine é uma pessoa com espírito livre. Seu marido assumiu a criação das filhas do casal, enquanto ela treina com seu violoncelo para conseguir a vaga na orquestra que sempre sonhou. Para quem vê de fora, o relacionamento deles é digno de um conto de fadas. Erika é totalmente o oposto. Controladora ao nível de compulsão, ela decidiu que não teria filhos, não importa o que seu marido pense.

Naquele dia, Erika se preparava para receber sua amiga com a família para um almoço. Porém, em um ato impulsivo, acaba aceitando o convite de seu vizinho Vid, para um churrasco na casa dele. Era para ser uma tarde agradável entre amigos, para beber, conversar e se divertir, mas um grito interrompe a festa. E o que os acontecimentos que se sucedem, farão com que todos repensem as escolhas que fizeram em suas vidas.

Nosso primeiro contato com a autora aconteceu dois atrás, quando fizemos uma leitura coletiva de Pequenas Grandes Mentiras. Fomos totalmente imersos na forma como ela contou sua história, uma estrutura que foi repetida neste livros. Quando encontramos os personagens no presente, eles estão sempre se questionando sobre o ocorrido, mas sem dizer muita coisa, apenas inserindo informações para atiçar nossa curiosidade. 

O fatídico dia aparece em forma de flashbacks, sempre mudando de perspectiva de acordo com os personagens. Esse é o tipo de história em que a narrativa em terceira pessoa é fundamental, pois conseguimos ter uma visão ampla dos acontecimentos, mas sem ser influenciados pelos sentimentos de cada um.

Apesar de Erika e Clementine serem apontadas como as protagonistas, não acho que seria justo com os demais personagens. Todos eles, inclusive Vid, sua esposa e filha, são essenciais para a construção dessa história. O foco da autora não são os personagens em si, mas a relação entre eles. A autora faz um jogo de esconde-esconde com o leitor, que dessa vez não nos prendeu tanto, interrompendo a narrativa do churrasco em momentos chaves. 

Porém, ela não demora em demasia para revelar o que de tão assustador aconteceu. O que Liane Moriarty quer não é apenas narrar uma história de suspense, é nos fazer refletir sobre as consequências que cada escolha que fazemos tem em nossas vidas.

É impossível não comparar os livros citados da autora, que possuem uma estrutura bem diferente de seu primeiro livro publicado. Ambos são recheados de famílias com seus cotidianos que, comumente, são maquiados para não deixar nenhuma falha aparente. Eu me canso um pouco com essa quantidade de informação, que se faz importante no contexto geral, mas que desacelera o ritmo da leitura. 

A leitura só engrenou mesmo quando começamos a analisar os perfis de cada personagem. A construção deles é o ponto forte da obra, sento todos ricamente apresentados e com uma realidade que nos faz refletir ainda mais. Tentamos eleger o personagem mais instigante, mas foi impossível. Eles possuem suas particularidades e são muito diferentes uns dois outros. Ou não. Já a relação mais perturbadora é a amizade dela com a Clementine. Como uma relação de tantos anos pode chegar a tal ponto?

Adoro essa capa, que consegue representar a fragilidade das relações existentes da história e ainda combina com as demais publicações da autora. A diagramação é confortável e não apresenta nenhum elemento notável. Há a indicação se o capítulo se passa no tempo presente ou no churrasco, mas esse também é um elemento essencial para o bom entendimento da história.

Apensar de não ser o melhor livro da autora, a leitura cumpre o seu papel de nos fazer refletir. Indicamos muito que essa leitura seja feita em conjunto, assim você terá com quem discutir as nuances existentes. 

Até que a Culpa nos Separe - Liane Moriarty
Editora Intrínseca
464 páginas
Nota: 4

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