Resenha - A Tempestade

Sinopse: "Numa das costumeiras pescarias com o seu pai, no reservatório Bellamy, a jovem Margot é raptada. Ela acorda, mas ainda se vê dentro de um pesadelo que invoca os medos mais primitivos e viscerais do ser humano: está aprisionada dentro de um caixão fechado. O serial killer que agia dessa maneira já era bem conhecido nos jornais norte-americanos como Irony Joe, e Margot parece ser a sua mais nova vítima. Após sua fuga, Margot e seu pai começam a receber e-mails ameaçadores. Por segurança, ela tem que deixar o país. Na cidade de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, Margot passa a morar com a mãe. A partir de então, a jovem precisa lidar com uma nova vida, que significa ter outro nome e um colégio bem diferente do que estava acostumada. O único problema é que o passado de Margot parece não querer se distanciar tanto assim do seu futuro."
Margot enfrentou um dos piores pesadelos da maioria das pessoas: ser se sequestrada. Se isso já não fosse aterrorizante o suficiente, a garota descobre que seu raptor é Irony Joe, um serial killer norte-americano que vem tocando o terror pelo país, e de quem nenhuma vítima conseguiu escapar.

Em um golpe de sorte, Margot consegue fugir de seu cativeiro e voltar para o seu pai, contudo, para garantir a sua segurança, ela é enviada para viver com a mãe no Brasil, deixando seu porto seguro e partindo para uma terra desconhecida.

Com um novo nome, em um país completamente diferente, falando outra língua, e vivendo com uma mulher que, embora tenha lhe trazido ao mundo, nada sabe sobre, Margot precisa se adaptar à sua nova vida, sem nem fazer ideia de que seu passado não a deixará em paz tão facilmente.

Querem saber mais? Então corram para ler o livro!

***

Não vou mentir, eu me interessei por esse livro por causa da capa. Quando vi o título, essa arte linda e desoladora, e as gotas de sangue na janela de vidro quebrada pensei logo: ou a história é de ficção científica - invasão alienígena à frente! - ou é uma distopia. Daí eu fui ler a sinopse e... quebrei a cara, pois a obra se trata de um suspense, bastante real, que aborda o risco com o qual vivemos na sociedade violenta dos dias de hoje e, no fim, não tinha nada a ver com tudo o que imaginei.

Ainda assim resolvi arriscar, embora eu não curta este gênero. O que é meio contraditório, não é? Porém, eu o fiz por dois motivos. O primeiro já expliquei, e o segundo diz respeito ao fato de que a autora é brasileira, e como escritor, acho super importante valorizarmos as produções do nosso país, afinal, quantas autoras nacionais vocês já viram escrevendo sobre uma jovem perseguida por um serial killer?

A Manuela Titoto é a minha primeira e, como disse, embora exemplares similares a esse não estejam em minha lista de leituras, às vezes eu gosto de sair da rotina, quando algum título consegue me fisgar, como foi o caso desse aqui. E ainda bem que eu o fiz, porque gostei do que encontrei.

Em A Tempestade, Titoto não se aprofunda na investigação policial. Seu objetivo é a busca pelo Irony Joe, já que precisam prendê-lo antes que ele mate a Margot. Nesse sentido, Manuela conduz a escrita de uma forma que o enredo não se torne um episódio de CSI, o que me fez gostar ainda mais, porque romance policial é outra coisa que não me atrai.

Além disso, presenciamos diversas subtramas que enriquecem o exemplar, como a adaptação de Margot à sua vida no Brasil, suas novas amizades e o relacionamento com sua mãe - por falar nisso, eita mulher para gostar de fazer besteira na vida, hein, Sara?

Manuela desenvolve esses conflitos menores ao longo da narrativa, enquanto nos apresenta o plot principal no pano de fundo, desse modo não só a autora não perde a foco, como também não torna a sua escrita maçante, pois permite que o contexto não fique repetitivo e, assim, também pudemos conhecer mais os personagens e agregar material para a solução do embate central.

Entretanto, somos bombardeados com muita informação - às vezes atiradas em cima de nós e às vezes nos concedidas de forma discreta, para ver se captamos a mensagem implícita - página após página, e aos poucos os pontos vão se ligando e temos certeza de que solucionamos o grande drama e que o final da obra será previsível. Aí a autora vem e nos passa uma rasteira.

Com maestria, Manuela conduz nosso pensamento por um caminho e nos faz encontrar um muro, mostrando-nos que é ela quem dá as cartas e que não desvendaremos os segredos tão facilmente. Uma parte do argumento principal eu consegui decifrar logo no começo, no entanto, não especificarei aqui para não soltar spoiler. Não sei se foi intenção da autora fazer algo assim, de fácil percepção, ou se eu que captei, a questão é que isso não interferiu em minha experiência.

Por mais que seja bom sermos surpreendidos na leitura, o que me atrai em uma obra é o texto como um todo, a forma como ele é trabalhado, a evolução das personagens, suas reações, a maneira como as coisas acontecem, enfim, eu não leio um livro por causa do final, não me importo em fazer deduções antecipadas e receber spoilers, até costumo procurá-los. Mas não se preocupem, se vocês acharem que A Tempestade se tornará ruim caso consigam assimilar o mesmo que eu, lhes garanto que mais para frente a Manuela os arrebatará, e muito.

Teve só algo que me incomodou, contudo, é uma opinião pessoal minha, não é nada que interfira no que a autora prometeu nos entregar com a sua história, e não posso comentar aqui o que foi para novamente não estragar a surpresa. 

Em suma, A Tempestade é muito bom, tanto fãs do gênero como pessoas que não o curtam muito, como eu, e adorei ver uma autora nacional se aventurando pelo suspense, precisamos de mais escritores assim.

A Tempestade - Manuela Titoto
Editora Novo Conceito
258 páginas
Comprar: Amazon
Nota: 4

9 comentários

  1. Primeira resenha que leio sobre a obra e fiquei bem interessada, ainda mais sendo um nacional.
    A história parece ser bem tensa. Esse negócio de serial killer e da vítima ter que se esconder, fugir e tals, já me fez perder algumas batida do coração rsrs
    Mas me parece ser uma história muito bem construída, com personagens envolventes.
    Apesar de não ter o costume de ler livros do gênero, esse me deixou curiosa.
    Beijos,
    Caroline Garcia

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  2. Oi.
    Eu também compraria pela capa, kkkkk.
    Enta~te entendo.
    Porém diferente de você eu realmente curto o gênero, fiquei muito intrigada par saber o desfecho da história, claro e desce=obre o que o Serial Killer fará quando descobre que ele fugiu, e como será para ela viver em um país novo, e conviver com a mãe, não esquençado do suspense que é a parte mais interessante.
    Esse vai para minha lista com certeza.
    Bjs.

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  3. Não tinha visto esse livro e confesso que pela sinopse ele me deixou bem encima do muro quanto a ler. Gostei, mas não chamou muita atenção.
    Parece ter muita história envolvida, subtramas e coisas acontecendo ao longo da trama para não deixar perder a graça e cair no tédio. E pistas, coisas que a gente acaba tentando montar para entender o mistério, mas no fim das contas pode acabar surpreendido. Gosto disso, de ficar tentando desvendar as coisas e a surpresa que pode vir no final.
    E além de tudo ele parece ser bem escrito e gostoso de acompanhar.
    Não é um livro que leria por sinopse facilmente, mas vendo assim até que ele chama bem mais atenção.

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  4. Super concordo que precisamos de mais escritoras assim!
    Literatura nacional precisa ter de vários tipos mesmo, mas, precisa cumprir o que promete, não é mesmo? rs

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  5. Olá, vejo que o livro é cheio de momentos eletrizantes e de tirar o folêgo. A autora tem uma escrita fluida e prática tornando a leitura agradável e viciante. Beijos.

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  6. Laplace!
    É bom sairmos um pouco da nossa zona de conforto e conferir estilos que não estamos acostumados a leitura ou não gostamos, ainda mais quando é de uma autora nacional, né?
    De minha parte, gosto muito de livros com suspense e no caso, me parece até um thrillers psicológico, cheio de novas adaptações na vida da protagonista e a busca pelo sequestrador.
    Gostaria de conferir.
    “Saber de cor não é saber: é conservar aquilo que se deu a guardar à memória.” (Michel de Montaigne)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de MARÇO, livros + KIT DE PAPELARIA e 3 ganhadores, participem!

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  7. Oi! Também gostei muito da capa e o título me chamou a atenção, embora eu não tivesse pensando nem por um segundo que seria o que é.
    Comecei a ler a sinopse achando se tratar de uma obra estrangeira (sei lá, sempre penso) e me surpreendi ao ver o nome Ribeirão Preto. Amo demais conhecer autores nacionais, especialmente mulheres.
    Gosto muito de suspense, então a trama me agradou. Uma pena que não seja voltado para o policial, pois também gosto bastante. Ainda assim, adorei a dica e vou marcar nos meus livros a ler.

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  8. Adoro livro que tem serial killer, porque é muito psicológico essa historia. Eu não sei explica certinho o motivo de achar isso, mas enfim. Por esse motivo já coloquei na lista de leitura. Fiquei curiosa em sabe como Margot vai sair dessa, fiquei imaginando o que ela esta passando. Esse livro tem adaptação para filme?? Pois ele parece familiar

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  9. Caramba, parece realmente ser um livro muito bom fiquei até com vontade de ler. Acho que nunca li um livro de suspense, mas acho que esse pode ser o primeiro. A capa realmente é muito chamativa e curiosa, eu compraria por causa da capa, com certeza.

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