Resenha - Apenas um Garoto

Sinopse: "Rafe saiu do armário aos 13 anos e nunca sofreu bullying. Mas está cansado de ser rotulado como o garoto gay, o porta-voz de uma causa. Por isso ele decide entrar numa escola só para meninos em outro estado e manter sua orientação sexual em segredo: não com o objetivo de voltar para o armário e sim para nascer de novo, como uma folha em branco. O plano funciona no início, e ele chega até a fazer parte do grupo dos atletas e do time de futebol. Mas as coisas se complicam quando ele percebe que está se apaixonando por um de seus novos amigos héteros."

Saemus Rafael Goldberg - ou simplesmente Rafe - saiu do armário no ensino fundamental e isso mudou a sua vida completamente. Ele nunca sofreu bullying, pelo contrário. As pessoas o aceitaram completamente e ele se tornou o porta-voz da causa LGBT nas escolas, dando palestras pelo país sobre como é ser gay.

Seus pais são seus maiores apoiadores. Sua mãe, inclusive, é presidente da associação PPAGL de Boulder - Pais, Parentes e Amigos de Gays e Lésbicas - e não entende quando Rafe anuncia que deseja mudar-se do Colorado para o outro lado do país para estudar na Natick, uma escola só para meninos na Nova Inglaterra. Sua melhor amiga, Claire Olivia, também não e não consegue evitar se sentir abandonada por Rafe.

A verdade é que Rafe está cansado de ser um ativista, de ser visto e reconhecido como "o garoto gay". Ele quer ser apenas um garoto comum e essa mudança é a sua chance de ser o que sempre quis. Na Natick ele não contará a ninguém sobre a sua orientação sexual e assim evitará de ser rotulado. Não é um sonho?!

Chegando à sua nova escola, Rafe já faz amizade com um grupo de garotos e participa de um jogo de futebol. Ele não tem muita habilidade no esporte, mas vê ali a sua possibilidade de se enturmar e ser aceito. O que não agrada muito o seu colega de quarto, Albie, que faz parte do grupo dos excluídos e a última coisa que deseja é ter um atleta dividindo o quarto com ele.

Rafe fica com isso na cabeça. Ele é agora um atleta? Do tipo que larga tudo para participar de alguma atividade física? O garoto parece capaz de lidar com esse novo status e passa seus dias vivendo em Natick em perfeita harmonia com os outros. Até que o destino o aproxima de Ben, um dos meninos do time.

Ben é diferente de todos por lá. Ele é mais quieto, mas é gentil com alunos e um amigo extremamente leal, além de ser sensível e atencioso. Depois que o seu melhor amigo, Bryce, precisa deixar a escola, Rafe acaba assumindo o papel de companheiro de Ben e os dois ficam cada vez mais grudados. Os sentimentos de Rafe estão cada vez mais confusos. Ele sabe que está se apaixonando por Ben, mas será que o amigo hétero compartilha dos mesmos sentimentos que ele?

Querem saber o que vai acontecer? Então não deixem de ler!

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Sou apaixonado por romances com temática LGBT, então quando vi Apenas um Garoto dentre os lançamentos de julho da Editora Arqueiro senti que precisava lê-lo. A Fernanda, que trabalhava na Editora, já tinha me falado maravilhas sobre a obra e com isso a minha expectativa só aumentava. Quando ele chegou aqui em casa, o passei na frente de todas as leituras, porém, fui arrebatado por uma enorme decepção quando concluí a leitura.

A escrita de Bill Konigsberg é leve e bastante fluida, o que fez com que eu lesse o volume em uma sentada. O autor criou a narrativa em primeira pessoa, pela perspectiva de Rafe, e alternou com alguns trechos do diário de escrita do personagem, que ele estava desenvolvendo para uma disciplina da escola. Isso tornou tudo mais dinâmico e divertido, já que nos registros conhecemos um pouco mais do Rafe do passado enquanto vemos as suas atitudes o mudando no presente.

O problema do texto foi o próprio Rafe. Que personagem mais detestável. Eu juro que tentei gostar dele, mas a sua personalidade não me agradou nem um pouco. O menino é gay, se assumiu e foi aceito, mas preferiu voltar para o armário porque estava cansado de ser quem é. Totalmente heteronormativo. Oi? Além disso, ele se mudou para o outro lado do país para se livrar de rótulos, mas em Natick aceitou todos os estereótipos que lhe colocaram, como se o problema fosse apenas ser taxado de gay. Estranho, não?

O envolvimento de Rafe e Ben soou um tanto irreal pra mim. A aproximação foi bela e a amizade que os dois criaram foi incrível de se ver. Porém achei a mente de Ben aberta demais para um cara hétero. Ele aceitou um certo envolvimento mais íntimo com Rafe que, na minha visão, pareceu um tanto forçado. Os caras héteros que conheço não fariam isso. Sei lá.

Quanto ao desfecho, foi o que salvou a obra de ser um total desastre. A lição que Rafe recebeu foi um verdadeiro tapa na cara do garoto, que percebeu como estava sendo ridículo em esconder quem era para agradar os outros. Ele precisou sofrer horrores - e cada parte foi merecida - para que isso acontecesse. Tentei entender que a intenção de Bill desde o começo foi criar um personagem detestável, para ele ter sua rendição no final. Não foi bem o que aconteceu, mas tudo bem.

A edição física do livro está muito bem trabalhada. A capa é minimalista, mas bastante atrativa. A diagramação é simples, as páginas são amareladas e a fonte é grande. A revisão está boa, mas encontrei alguns erros durante a leitura, como vírgulas e acentos faltando. Normalmente a Arqueiro é bastante cuidadosa com isso, por isso me alarmei com essas imprecisões.

Apenas um Garoto foi um desapontamento para mim, que achei que leria um romance inovador, mas fiquei problematizando cada ação do Rafe. Todavia, se vocês ignorarem a heteronormatividade implícita na trama, talvez aproveitem ela mais do que eu. Se arrisquem, vai que...

Apenas um Garoto - Bill Konigsberg
Editora Arqueiro
256 páginas
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Nota 3