Resenha - A Lista

Sinopse: "Kitty Logan tem 32 anos e aos poucos está perdendo tudo o que conquistou: sua carreira está arruinada; seu namorado a deixou sem um motivo aparente; seu melhor amigo está decepcionado com ela; e o principal: sua confidente e mentora está gravemente doente. Antes de morrer, Constance deixa um mistério nas mãos de Kitty que pode ser a chave para sua mudança de vida: uma relação de nomes de pessoas desconhecidas. É com base neles que Kitty deverá escrever a melhor matéria de sua carreira. Quando começa a ouvir o que aquelas pessoas têm a dizer, Kitty aos poucos descobre as conexões entre suas histórias de vida e compreende por que foi escolhida para dar voz a elas."

Katherine Logan era uma jornalista de faro apurado e muita curiosidade correndo nas veias. Depois de construir uma carreira de sucesso na Revista Etcetera, foi contratada para cobrir notícias no programa de televisão Thirty Minutes.

Logan queria virar uma estrela. Não se contentava mais com matérias medíocres, como as que escrevia antes. Katherine estava em busca do seu primeiro grande furo de reportagem, e conseguiu! O problema é que, para isso, a jovem pôs de lado as premissas básicas do jornalismo investigativo e não agiu com ética, muito menos com prudência, deixando de averiguar a veracidade dos fatos que apresentou para milhares de pessoas e prejudicando uma em especial.

Agora, a emissora de TV e Katherine estavam sendo processadas num montante milionário. A sua imagem e credibilidade havia sido queimada perante a todos e a repórter passou a ser alvo diário da revolta popular, tendo seu apartamento frequentemente vandalizado, sem ter para onde fugir.

Kitty só tinha uma pessoa com quem contar: Constance, sua amiga, mentora, fundadora e editora da Etcetera, mas não por muito tempo, já que Constance estava morrendo de câncer. Ela era a única que conseguia enxergar a verdadeira essência de Kitty e sabia que a mesma conseguiria dar a volta por cima. Só lhe faltava um pouco de motivação, que chegou no formato de uma lista.

Antes de morrer, Constance confessou à Kitty que havia uma história que gostaria de ter escrito, mas que nunca escreveu. Uma história que surgiu de uma ideia ousada um tempo atrás e que ajudava a manter a sua mente ocupada enquanto estava no hospital. Kitty se convenceu de que deveria escrever a tal história pela amiga. Esta era a sua chance de fazer uma boa matéria, limpar seu nome e, ainda por cima, prestar uma justa homenagem à Constance.

Entretanto, Kitty não tinha a mínima ideia sobre o que se tratava a tal reportagem. Constance não lhe deixou detalhes, apenas uma lista com 100 nomes de pessoas que nunca ninguém tinha ouvido falar. Kitty tinha menos de duas semanas para localizar estes sujeitos, descobrir o que Constance queria com eles, entender o ponto comum entre todos e redigir a notícia.

Quando os nossos valores estão corrompidos, será que conseguimos ver um palmo diante do nariz?

"Alguns dizem que não devemos agir com base em nossos medos, mas, se não houver medo, onde estará o desafio?"

Querem saber o que vai acontecer? Então leiam!

***

Desde que soube do lançamento de A Lista, fiquei maluca para lê-lo. Me tornei fã de Cecelia Ahern por causa do livro A vez da minha vida, que mexeu demais comigo e, de certo modo, tinha expectativas de que o mesmo fosse acontecer com essa obra.

Narrada em terceira pessoa, A Lista tem uma escrita delicada, profunda e completamente reflexiva, como tudo o que Cecelia escreve. Entretanto, durante boa parte do texto, tive dificuldades de me conectar com a história simplesmente por não compreendê-la, assim como Kitty.

De certo modo, imaginei que o enredo fosse versar sobre as investigações que a jornalista faria para encontrar as tais 100 pessoas, apresentando suas dificuldades, percalços e o seu amadurecimento ao longo da jornada. Em suma, o meu interesse estava em Kitty e na matéria que ela estava tentando escrever.

Todavia, logo no início, percebi que a trama passou a girar em torno dos personagens que integravam a lista e que, ao longo das páginas, iam contando sobre as suas vidas. Eu não queria saber deles, não queria saber o que eles tinham para falar e muito menos compreendia a ligação que todos tinham em comum, e isso me deixou um pouco frustrada.

Por mais que A Lista não tenha sido exatamente o livro que esperei que fosse, fiquei totalmente presa à história da metade para o fim, quando as coisas realmente começaram a acontecer. Gostei muito de presenciar o amadurecimento de Kitty e o processo que ela teve que passar para se redimir e tentar corrigir seus erros. Ademais, rolou uma road trip na obra que foi demais! E eu adoro esse tipo de aventura, então super valeu a pena.

O final foi muito emocionante e nos ensinou que todos somos pessoas especiais e temos boas histórias para contar, basta prestarmos atenção uns nos outros e termos o interesse de nos envolver e de conhecer estranhos que podem vir a transformar as nossas vidas.

"Todo indivíduo em qualquer parte do mundo tem uma história extraordinária para contar. Talvez pensemos que somos pessoas comuns, que nossa vida é entediante (...). Mas a verdade é que todos nós fazemos coisas fascinantes, admiráveis e das quais deveríamos sentir orgulho. Todos os dias as pessoas fazem coisas que não são comemoradas. Coisas que deveriam ser estampadas nos jornais. Os heróis anônimos, as pessoas que não se consideram heroínas porque estão fazendo simplesmente o que acreditam que têm de ser feito em sua vida."

Cecelia nos propõe, com A Lista, uma mudança de perspectiva, convidando a nos libertarmos dos casulos individualistas e egoístas que vivemos, sempre rodeados nos nossos umbigos, reclamando dos nossos problemas e choramingando pelas nossas derrotas, para olharmos para o outro e valorizarmos a tudo o que nos cerca.

"Kitty finalmente sentiu que estava chegando a algum lugar. Ela havia conseguido uma parte muito pequena e estava começando a conhecer as pessoas mais a fundo, a camada que todos nós escondemos, o que havia por detrás da máscara, da gentileza social, da insegurança."

Posso confessar uma coisa? Depois de ler A Lista, fiquei com muita vontade de passar pela mesma experiência que Kitty passou, de abordar estranhos na rua e me aproximar deles. Então, se você não me conhece e receber um telefonema meu, já sabe do que se trata.. hehe.

A Lista - Cecelia Ahern

Editora Novo Conceito
384 páginas
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