Resenha - O Ceifador

Sinopse: "A humanidade venceu todas as barreiras: fome, doenças, guerras, miséria… Até mesmo a morte. Agora os ceifadores são os únicos que podem pôr fim a uma vida, impedindo que o crescimento populacional vá além do limite e a Terra deixe de comportar a população por toda a eternidade. Citra e Rowan são adolescentes escolhidos como aprendizes de ceifador — um papel que nenhum dos dois quer desempenhar. Para receberem o anel e o manto da Ceifa, os adolescentes precisam dominar a “arte” da coleta, ou seja, precisam aprender a matar. Porém, se falharem em sua missão — ou se a cumplicidade no treinamento se tornar algo mais —, podem colocar a própria vida em risco."
Era uma vez um mundo perfeito, em que não havia corrupção, violência, desigualdade social e agressão ao meio ambiente e no qual a morte havia sido vencida.

Agora, os humanos eram imortais e, caso falecessem, da causa que fosse, podiam ser revividos e ter a sua aparência rejuvenescida, se fosse de seu interesse. Eles também eram governados pela Nimbo-Cúmulo, uma nuvem virtual que havia adquirido consciência e, ao contrário do que todos previam, havia transformado o mundo em um lugar melhor.

O único porém é que com a imortalidade a população mundial não parava de crescer e simplesmente não havia lugar para todo mundo habitar o planeta. Por isso, a Ceifa foi criada logo após a Era da Mortalidade - como era chamada - acabar.

O trabalho dos ceifadores consistia em simplesmente coletar pessoas - ou matá-las - dependendo do ponto de vista; para manter o equilíbrio populacional da Terra. Os ceifadores eram vistos como senhores supremos e intocáveis, até pela Nimbo-Cúmulo. A maioria dos cidadãos os temia, outros os reverenciavam e os bajulavam, ansiando por receberem imunidade; os demais desejavam ser como eles.

Rowan e Citra não se encaixavam em nenhum desses perfis. Rowan era o garoto alface, aquele que não fedia e nem cheirava e que não fazia diferença alguma onde quer que fosse. Apesar de detestar sua posição, ela até que se tornava confortável por permitir que ele não se destacasse e não atraísse olhares demais para si.

Citra era uma garota exemplar, com ótimas notas e muito empenhada em tudo o que fazia. Nascida em uma pequena família que a amava muito, ela desejava um futuro glorioso para si.

Mas tudo mudou quando o destino de Rowan e de Citra cruzou com o ceifador Faraday, que decidiu treiná-los para serem um ceifador. De início, os jovens se horrorizaram com a ideia, pois nunca se imaginaram tirando vidas. Contudo, eles não podiam declinar da convocação. O máximo que podiam fazer era não darem o melhor de si, pois apenas um dos dois seria ordenado e receberia o anel de ceifador ao final.

Entretanto, Citra e Rowan não podiam imaginar que, mesmo sem querer, seriam enredados em artimanhas e intrigas políticas que poderiam custar as suas vidas e o futuro da nação.

Querem saber o que vai acontecer? Então não deixem de ler A MELHOR DISTOPIA DO ANO!

***

Quando soube que mais um livro de Neal estava sendo lançado no Brasil, nem me prestei a ler a sinopse. Sabia que podia mergulhar sem medo na história pois, depois de Fragmentados e Desintegrados, percebi que Shusterman era simplesmente O CARA e, obviamente que eu não me decepcionei com a minha decisão.

Narrado em terceira pessoa, com capítulos intercalados sob diversos pontos de vista, e com vislumbres de relatos de diários de alguns ceifadores, somos introduzidos ao mundo pós Era da Mortalidade pouco a pouco.

Uma das coisas que mais amei foi a ambientação que o autor nos proporcionou. Por se tratar de um cenário completamente diferente e audacioso, ansiei para descobrir cada minúcia e aprender como tudo funcionava.

Num primeiro momento, desejei morar em um mundo assim, em que o coletivo era priorizado, em que não havia mais desperdício e consumismo desenfreado, em que todos os políticos haviam sido depostos e que a morte deixara de ser um "problema". Entretanto, como tudo o que Neal escreve, ele nos mostra que a perfeição não existe e que, infelizmente, a corrupção e o mau-caratismo são características da raça humana, algo difícil de se refrear.

O Ceifador foi um livro gostoso de se ler, de leitura muito rápida, e que conseguiu alternar momentos de fortes ações, com explicações detalhadas e diversas reflexões e críticas sociopolíticas, marca registrada do escritor.

Dessa vez posso dizer que fui pega de surpresa por diversas vezes no texto, em que Neal deu reviravoltas que fizeram meu queixo cair e pelas quais eu não esperava. Isso fez com que o rumo da trama se tornasse incerto, deixando o desenrolar dos fatos ainda mais tenso.

A única observação que não posso deixar de fazer é que me senti levemente incomodada pela grande semelhança entre Rowan e Citra com o casal protagonista de Fragmentados. A sensação que tive é que Connor e Risa haviam sido apenas repaginados e teletransportados para um novo enredo. Todavia, foi muito interessante acompanhar o amadurecimento dos personagens, suas falhas de caráter, ao mesmo tempo em que se esforçavam para fazer o que era certo.

O Ceifador lida com uma temática muito delicada: a morte. O autor por diversas vezes questiona acerca de quem tem o direito de tirar a vida e de como isso deve ser feito. Ele também nos mostra o quanto os assassinatos podem se tornar banais, quando passam a fazer parte do nosso quotidiano e são chamados de uma maneira mais velada. Nesse sentido, se torna perceptível a facilidade com a qual uma pessoa se desumaniza e fere outra quando as circunstâncias são favoráveis e não há luta ou defesa. Neal nos mostra que gente aparentemente "normal" pode se tornar verdadeiramente violenta e letal, e isso é chocante!

Por fazer parte de uma série, o primeiro volume terminou com um final aberto e um grande cliffhanger, nos deixando malucos para saber o que irá acontecer em sua continuação. 

Se em 2016 disse que Fragmentados havia sido a melhor distopia que eu havia lido, neste ano a figurinha foi repetida, pois O Ceifador me tirou o fôlego, me provocou fortes emoções e aflorou sentimentos contraditórios. Eu só posso dizer, LEIAM, LEIAM, LEIAM. Vocês não irão se arrepender.

O Ceifador - Neal Shusterman
Livro 01
Série Scythe
Editora Seguinte
448 páginas
Comprar: Saraiva / Amazon
Nota 5

5 comentários

  1. Oi Mirelle, cada resenha que tenho lido desse livro tem me deixado mais interessada em lê-lo e como ainda não li os livros que você citou na resenha, não conheço o autor, mas fiquei super curiosa após ler os elogios e bem feliz que em 2016 um dos livros dele foi uma das melhores disopias que você leu. A única coisa que me deixou meio na dúvida se vou ler agora é o cliffhanger?! não lido bem com ansiedade e se não me engano o autor nem lançou o segundo ainda, assim quero e vou ler, mas talvez adie um pouco ;)

    ResponderExcluir
  2. Mi!
    Gostei muito de Fragmentados também e se há semelhança, já conquistou.
    O que gostei foi ver uma sociedade perfeita, sem doenças, sem problemas e que as pessoas podem se regenerar, embora acredite que uma sociedade assim, torne a vida sem muitos objetivos. E aí que a ideia do Ceifador faz todo sentido na trama.
    Quero poder ler.
    Bom final de semana!
    “Preferi sempre a loucura das paixões à sabedoria da indiferença.” (Anatole France)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP COMENTARISTA ABRIL especial de aniversário, serão 6 ganhadores, não fique de fora!

    ResponderExcluir
  3. Oi, Mi!
    Então, como dito no post de lançamentos, ainda que a capa não tenha me atraído realmente, a premissa me deixou bem curiosa. E, imagina, só agora caiu a ficha que o autor é o mesmo de Fragmentados, não tinha me atentado à isso, rsrs. Enfim, interessante mesmo a premissa da série e mais ainda essa abordagem sobre a morte presente nela, e muito boa sua ressalva sobre o autor retratar uma realidade que, à princípio, pode nos atrair por não ter consumismo e desperdício e tal, mas logo nos chocar e nos fazer refletir pelo preço que ela envolve e a realidade de que o ser humano, infelizmente, é por vezes continuamente corrupto, não importa a era. Por ainda ser o começo da série, talvez ainda espere o próximo sair, até porque já tenho outras em andamento e por concluir nesse mesmo ano, mas se surgir uma oportunidade repentina, darei uma chance à leitura sim. Espero gostar tanto quanto você!
    Beijos!

    ♥ Sâmmy ♥
    ♥ SammySacional.blogspot.com.br ♥
    ♥ DandoUmadeEscritora.blogspot.com.br ♥

    ResponderExcluir
  4. Parece ser bem interessante, já quero ler
    Blog Entrelinhas

    ResponderExcluir
  5. Adorei essa capa e pelo pouco que soube atraves da sua resenha tenho certeza que irei gostar, e estou curiosa para saber tudo o que ira acontecer com esses dois personagem e porque o ceifador decidir treina-lo para se tornarem ceifadores. Entrou para a minha lista

    ResponderExcluir